46-O VÍDEO

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Brasília, 13 de Janeiro de 2016
às 07:30

By Anne Rocha

Acordo esfregando os olhos, tentando achar o meu celular que toca irritantemente - Estranho quem será uma hora dessas?

Chamada desconhecida. Desligo sem atender, só pode ser engano, penso chateada, agora não vou conseguir pegar no sono novamente.

Levanto estressada, entro no banheiro para tomar uma ducha e ouço ao longe o telefone tocar novamente, uma, duas, três vezes...

-Mas, que merda! - xingo.

Termino de fazer minha higiene matinal, pensando em xingar de tudo quanto é nome essa pessoa sem noção que fica ligando o tempo todo, tão cedo e ainda por cima sem se identificar.

Saio do banheiro, e o celular para de tocar, olho na tela, dez ligações perdidas de número desconhecido.

Fico olhando a tela, esperando o celular tocar novamente, mas ele não toca, visto uma legging, e uma regata soltinha, calço meu tênis favorito, pego o celular e o meu fone de ouvido, ponho uma música agitada e desço para fazer uma caminhada pelo condomínio mesmo.

Caminho por cerca de 45 minutos aproximadamente quando ouço um bip no celular, é uma mensagem no WhatsApp, um número estranho, é um vídeo, está carregando, não sei porque mas sinto um arrepio percorrer todo o meu corpo, e me sento na grama no parque do condomínio para assistir o vídeo.

Me choco com o que vejo e dou graças a Deus por estar sentada, pois com certeza se eu tivesse em pé teria caído, me tremo toda dos pés à cabeça.

Tem um homem com uma metralhadora, em pé, todo de preto, com uma toca ninja, que deixa apenas os olhos de fora, ninguém precisa me dizer eu sei que é ele, Khalid Shall.

Na sua frente, todo assustado, com a roupa toda rasgada, que mostra que já foi bastante torturado, está o Filipe ajoelhado, implorando pela vida.

Chacoalho a cabeça em negativa, como se Khalid fosse capaz de me ver, assisto o vídeo pela segunda vez e o meu estômago se contorce.

Não tenho forças para me levantar do chão, e eu fico ali pensando o que significa aquilo, e no porque eu não o entreguei para a polícia, talvez o Filipe não tivesse passando por isso...

Mais um bip no celular, e eu já estou soluçando como uma louca, chacoalhando todo corpo, e extremamente assustada.

Khalid - Você pode salvar o rapaz. Tem um homem numa caminhonete preta na rua de trás do condomínio que a senhorita reside. Ele irá trazê-la até aqui! O Felipe a deixou fugir de mim, agora o mesmo a trará de volta!

Lembre-se estamos bem longe da sua residência, tens até o meio-dia, se você não chegar o rapaz morre. E eu lhe enviarei um vídeo em tempo real desse grande acontecimento.

Continuo estagnada olhando para a tela do celular. Digitando... Embora esteja calor, o meu corpo está gelado.

Khalid - Detalhe se você avisar alguém ele morre no mesmo minuto!

Não me contenho e grito, um grito de pavor, de medo.

Me levanto com dificuldade e corro para casa. Como se em casa eu estivesse segura, como se aqui ele não pudesse me alcançar! Como eu estou enganada, ele já me alcançou...

TERRORISTAOnde histórias criam vida. Descubra agora