41-CHOCOLATE QUENTE

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By Antônio Rocha

Bato repetidas vezes na porta do quarto de Anne, ela não responde, volto para o meu quarto e interfono, mas ela também não atende.

-Mas, que menina dorminhoca.

Olho o relógio, são apenas 07:30, é melhor deixá-la descansar mais um pouco, desço as escadas pronto para correr um pouco pela orla da praia, deixo a chave na recepção, e pergunto por Anne.

-Qual é o quarto Delegado Rocha? - a recepcionista pergunta.

-206.

-Ela não está no hotel!

-Sabe me dizer mais ou menos o horário que ela saiu? - pergunto, já ficando irritado.

-Não. Acabei de chegar Delegado Rocha, e a outra moça que estava no plantão já foi embora.

-OK - respondo e saio mal humorado.

Mas, o meu mal humor dura pouco. Mal coloquei os pés para fora do hotel e vi Anne atravessando à rua.

Sua expressão é triste, e o meu coração se parte em vê-la assim.

-Acordou cedo meu amor? - pergunto.

Ela não responde, apenas me dá um abraço forte e chora baixinho no meu ombro.

-Mas, o que foi filha, o que aconteceu? - pergunto preocupado, ela está com os olhos inchados de quem andou chorando muito.

-Pai… - ela fala entre um soluço e outro - esses dias têm sido tão difícil! Estou com tanto medo…

-Anne, minha filha, não tenha medo. Acabou meu anjo, você está segura agora, aqui comigo! - falo abraçando-a e afagando seus cabelos loiros.

-Mas, se um dia o Sr se for, o que será de mim?

Ela aparenta um desespero tão grande, e eu a entendo perfeitamente, nossa família é pequena e não temos contato com quase nenhum parente.

-Anne, entenda que você nunca estará sozinha, eu sou duro como uma Rocha, não será tão fácil assim me derrubar, mas se isso acontecer eu vou estar lá em cima junto com a sua mãe, cuidando de você. Vem meu bem, vamos tomar um chocolate quente, não há tristeza que dure quando temos uma imensa xícara de chocolate quente a nossa frente…

Ela sorri, um riso murcho, mas já serve.

Dr. Bruno passou o resto do dia me ligando, mas eu não atendi, aproveitei bastante o dia ao lado da minha filhota, passeamos de barco, visitamos um parque aquático radical.

Sinceramente não gosto do mar, minha única irmã simplesmente desapareceu, e dizem tê-la visto pela última vez brincando nas dunas na praia de Natal - RN, depois disso nunca mais a encontramos.

Mas, Anne ama água e eu faço tudo por um sorriso da minha princesa.

Dr. Bruno liga pela milésima vez, mas que homem irritante, estou jantando com Anne e não quero chateá-la, mas não vai ter jeito.

-Anne, quando retornarmos para Brasília, terei que te levar até a delegacia, para que você possa dar o seu depoimento, sobre o sequestro, você me entende querida? Você têm que falar tudo o que se lembra, eu sei que é difícil, mas só assim colocamos Khalid Shall na cadeia.

-Khalid? - ela engole seco.

-Isso querida! O responsável por todo esse sofrimento que você passou, sei que você não quer falar disso, mas você vai ter que contar tudo para o Delegado.

-Pai eu simplesmente não sei o que dizer, eu não vi nada e nem ninguém, não vou poder ajudar.

-Filha, me escuta, você precisa colaborar, se esforça tá bom? Agora coma a comida antes que esfrie.

-Perdi o apetite - Anne responde afastando o prato.

TERRORISTAOnde histórias criam vida. Descubra agora