54-PERGUNTAS

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By Antônio Rocha

Fico parado vendo minha filha se afastar de mim, por causa de um bandido, mentiras me tiraram Estela, e mais mentiras me tiraram Anne.

-Sr. Rocha vamos embora daqui, com a bagunça que fizemos não vai demorar muito pra isso daqui encher de policiais, imprensa, curiosos e tudo mais... - o Saulo me chama.

-E a Anne? - pergunto desanimado.

-O árabe é esperto, em minutos não haverá sinal de que ele esteve aqui, se ele realmente gosta da menina, ela estará em segurança! - ele responde.

-É? - minha mente está confusa.

-É! - Saulo confirma.

Entro no carro e ainda observo a fazenda por alguns instantes, na esperança de que Anne mude de idéia.

Olho para o céu, a nuvem negra se aproxima, sem dúvida é um dia negro, perdi a minha filha para o Khalid Shall, um TERRORISTA.

Dirijo para a cidade praticamente a 20 km por hora, não tenho pressa de chegar em casa, o quê será da minha vida sem a minha filha por perto?

Agora que ela sabe a verdade sobre a mãe, ela nunca vai me perdoar, eu sempre tive o respeito de Anne, mas agora eu não passo de um mentiroso...

Deixo o Saulo em um hospital, mesmo contra a vontade dele, ele chama a esposa para acompanhá-lo, já que eu não estou nada bem. Fui ferido de uma maneira muito mais dolorosa, o meu coração está em pedaços.

By Anne Rocha

O helicóptero chega com o médico, e o médico pede para que eu me retire do quarto, eu saio ainda bastante relutante.

Alexandre, Filipe, Zé, Lucas barbudo e eu aguardamos do lado de fora do quarto (agora já sei o nome de todos os que sobraram), acho que faço parte da quadrilha, aliás sou a mulher do TERRORISTA.

Minha anjinha interior me xinga santamente, como sempre e minha diabinha já pegou a espingarda, mas pensar que sou a mulher do Khalid me trouxe pensamentos safados à mente, e as lembranças da nossa primeira e única noite de amor me fazem ruborizar, tento desviar os pensamentos para outra coisa, antes que molhe a calcinha, e não terei outra para pôr.

Será que o Khalid sabe que o filho da puta do barbudo me bateu?

Sem perceber, o encaro com raiva, e ele me dá um risinho de desdém.

Alexandre me olha com uma expressão preocupada no rosto e pergunta:

-Anne o quanto a polícia sabe sobre o Sr.Shall? Eu sei que você foi até a delegacia.

-Eu não sei... eu não falei nada! - falo confusa.

-Ah falou sim... - Lucas o barbudo, fala com aquela voz irritante.

-Anne você tem que dizer a verdade - Alexandre fala sério.

-Eu estou dizendo, não falei nada! - respondo.

-Tô com o barba, essa menina quer acabar com a gente, o pai dela quase me mata! - o Zé fala.

-Ei gente pega leve, se ela está dizendo que não falou nada, ela não falou - o Filipe vem em minha defesa.

-É impossível! - Lucas dispara.

-A pergunta é a seguinte Anne, a polícia sabe aonde você ficou presa? - Alexandre pergunta.

-Não - meus olhos começam a ficar marejados.

-Temos que ir embora, logo vai encher de urubu aqui e o Sr.Shall está muito fraco para ser levado pra longe, você compreende? - Alexandre fala mais brando comigo.

Apenas confirmo com a cabeça, assustada.

O médico finalmente abriu a porta:

-Khalid vai ficar bem, já removi a bala e fiz um curativo, vou precisar que ele vá até a clínica para fazer alguns exames, mas aparentemente a bala não atingiu nenhuma artéria, ele teve muita sorte. Mas, precisa descansar. Vou deixar os remédios, por favor dêem nos horários corretos, o curativo deve ser trocado três vezes ao dia, qualquer alteração me liguem imediatamente!

-Sim, pode deixar - respondo, pegando a receita com os horários dos medicamentos -Quando ele vai acordar?

-Em breve...

TERRORISTAOnde histórias criam vida. Descubra agora