62-DOM JUAN

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By Antônio Rocha

Entro na suíte 660, e o Khalid entra logo atrás.

-Eu não entendo o seu jogo Khalid... Você me propõe um acordo, eu mato o Deputado Juarez e você deixa a Anne em paz, aí você vai e me entrega para a polícia e depois resolve vir me ajudar, até hoje eu não entendo como pude errar aquele tiro.

-Creio que pelo mesmo motivo que eu não te matei até agora. Eu não te entreguei pra polícia, estava realmente disposto a ir embora... - o árabe responde pensativo.

-Estava? Ah seu desgraçado mentiroso... - aponto a arma para ele - Eu cumpri a minha parte Khalid, agora cumpra a sua.

-Abaixe essa arma homem, você não vai atirar mesmo.

-Não me desafie Khalid Shall! - falo irritado, minha vontade é socar o homem.

-Você não quer me matar Delegado, pelo mesmo motivo que eu não vou te matar, simplesmente porque ambos não queremos magoar a Anne.

O encaro com raiva por saber que no fundo ele está certo, mas com certeza Anne não vai se importar se eu der umas boas porradas nesse árabe arrogante.

Khalid retira as duas armas da cinta e põe sobre a cama, pega uma faca pequena e também coloca na cama, em seguida eu coloco as minhas duas armas junto com as dele e parto para cima do desgraçado sem aviso.

-MALDITO! - grito esmurrando-o, descarregando toda a minha raiva acumulada nesses últimos dias.

Rolamos pelo quarto dando chutes e pontapés um no outro, parece que o tiro no ombro não afetou em nada a agilidade do árabe, e por incrível que pareça nem a força.

E mais socos e pontapés para todos os lados, o quarto já está totalmente revirado.

-Está cansado Khalid? - pergunto.

-Nem um pouco e você está Delegado?

-Estou cheio de energia seu filho da mãe, aproveitador de menina inocente.

-Inocente? Mas, ela que me seduziu Delegado.

Era a faísca que faltava, para incendiar a minha raiva. E mais chutes, socos, espelhos e vasos quebrados, cortinas arrancadas.

Um ronco alto acima das nossas cabeças acabam com a briga.

-O que será isso? - o árabe questiona.

-Pode ser um helicóptero - falo aguçando os ouvidos.

-Pode ser a polícia, ou um hóspede assustado!

-Ou os seus amiguinhos - falo me lembrando do tiroteio na fazenda.

-Pode ser a nossa saída daqui Delegado - os olhos do Khalid brilham e voamos em direção a cama para pegar as nossas armas.

Ainda antes de sair do quarto, olho o meu reflexo no espelho, estou com a roupa toda rasgada e cheio de hematomas, olho para o Khalid que não está tão diferente e fico satisfeito.

Eu coloco à cabeça para fora da suite e vejo uma morena com aproximadamente dois metros de altura andando num salto agulha, falando toda agitada no celular.

-Eu já estou indo embora daqui, o meu helicóptero já chegou pra me buscar, sim São Paulo é muito mais perigoso que o nosso Rio de Janeiro, ai foi horrível um monte de tiros para todo os lados, mataram o Deputado, mas Deus que me perdoe esse já foi tarde.

Encosto a porta e falo para o Khalid:

-Tem uma mulher com pinta de granfina no corredor, pelo que ouvi ela que chamou o helicóptero.

TERRORISTAOnde histórias criam vida. Descubra agora