24-DISPAROS

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São Paulo, 07 de Janeiro de 2016

By Khalid Shall

O homem está aqui na minha frente, seu semblante está abatido devido ao cansaço da longa viagem. Se ele soubesse o quão vulnerável eu fico diante da sua filha... penso vagamente.

Agora tenho que agir rapidamente, logo a polícia estará aqui!

-Sabe porque está aqui Delegado Antônio Rocha? - falo me aproximando dele.

-Combinamos que faríamos uma troca, minha filha, pelo Kléber Trevisan - o Delegado responde de forma ríspida. - Mas, pelo que vejo ela não está aqui!

-É um imenso prazer conhecê-lo, grande Delegado Rocha - estico a mão para cumprimentá-lo.

-Não vou dizer o mesmo Khalid Shall, o prazer será quando eu te ver atrás das grades. Porque é pra lá que você irá em breve.

Sorrio para ele e recolho a minha mão.

-Quanta valentia Delegado, mas não direcione toda a sua raiva para mim, sou apenas um soldado, cumpro ordens - falo analisando-o.

Tenho uma satisfação imensa em dominar situações como essa, controlar a adrenalina, falar exclusivamente o que deve ser dito, jogar com a vítima e acima de tudo, fazer com que entenda o porquê e aceite que é o fim.

É interessante o que um ser humano é capaz de fazer para se salvar. Isso me incita, quando demonstram o quão sujos são de alma e coração, aí é que eu sei que chegou o momento. Finalmente posso matar sem sentir remorso, estarei apenas eliminando mais um lixo da sociedade.

-Quem que está por trás disso tudo Shall? - o Delegado questiona.

-Algo muito maior que todos nós!

-Anne não está aqui? - o Delegado pergunta buscando ter certeza.

-Kléber devolva a arma do Delegado - ordeno.

Kléber mesmo sem entender devolve o revólver para o Delegado.

-Verifica se está como a entregou Delegado Rocha!

O homem manuseia a arma e acena com a cabeça confirmando.

-Agora dê-me a mim!

Pego a arma utilizando luvas nas duas mãos.

-Delegado Rocha o seu nome foi ao tribunal, você foi julgado e condenado, vim apenas fazer cumprir-se à sentença! - digo de forma firme e clara.

Sinto uma sombra de medo rodeá-lo, mas apenas por um instante, já sei a quem a atrevida puxou.

O homem ri e fala:

-Ah é? Eu fui julgado e condenado por quem?

-Isso não importa! - respondo.

-Faça o que quiser comigo, mas não faça nada com a Anne, é tudo o que eu peço!

-Não farei nada com Anne...

(a menos que ela queira, penso comigo)

-Deixe ao menos eu falar com a minha filha, pra saber se ela está bem - o homem pede.

Imediatamente pego o telefone, droga deveria ter vestido a calça nela, agora Filipe ou Alexandre verá aquele bumbum arrebitado, branquinho, talvez nem tanto mais, pelos tapas que dei. Penso sinceramente em negar o pedido do homem, mas devido o seu olhar de pai aflito, cedo.

Ligo para o Filipe, chama, mas ninguém atende e isso me irrita profundamente, tento no celular do Alexandre, que atende no segundo toque.

-SR. SHALL A ANNE FUGIU!

Engulo seco, um nó se forma na garganta o coração dispara, controle-se Khalid, ordeno para mim mesmo.

-COMO FOI ISSO? - por mais que eu tente a voz soa embargada.

-FILIPE SE DISTRAIU, AINDA NÃO SEI DIREITO... ELE FOI ATRÁS DELA! - Alexandre responde preocupado.

Desligo o telefone, e tento disfarçar para que o Delegado não perceba a situação, no mesmo instante um dos meus homens faz um sinal, e eu compreendo logo que a polícia está chegando.

-Acho que não será possível você falar com Anne no momento, seus amigos já estão se aproximando! Não sei se eles vão gostar do que verão...

Efetuo dois disparos com a própria arma do Delegado Rocha, em seguida deixo a arma no local e corro para o helicóptero, aonde os meus homens já me aguardam.

TERRORISTAOnde histórias criam vida. Descubra agora