43-OLHA O PRECONCEITO

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Rio de Janeiro, 10 de janeiro de 2016

By Anne Rocha

Foi difícil mas consegui dormir, acordei às 8:00 da manhã com meu pai batendo desesperadamente na porta do meu quarto, ele e essa mania terrível de madrugar.

Meu pai queria prolongar por mais alguns dias a nossa viagem, mas eu disse que queria rever as minhas amigas, e que não estava num momento bom.

Na verdade eu queria mesmo era sair de perto do Khalid, não que eu acredite que ele não vai voltar para Brasília também, já que me seguiu até aqui, provavelmente sempre dará um jeito de saber onde estou.

Meu pai hesitou um pouco mas aceitou, já não sabia mais o que fazer com o o celular dele que não parava de tocar, pelo jeito esse tal de Dr. Bruno está muito ansioso pra falar comigo.

A viagem para casa foi tranquila, chegamos no final da tarde e eu convidei a Carol e a Lucy para irem na minha casa, não que eu estivesse super no clima pra visitas, mas eu só não queria pensar nele.

Meu pai pediu pizza e a gente fez a maior bagunça, eu gosto muito dessas duas elas são muito animadas, acaba com a "deprê" de qualquer pessoa.

Elas foram embora já bem tarde da noite, e o meu pai tava esperando todo sério na sala de estar, eu conheço muito bem aquela cara, sempre vem seguida de uma bronca.

-Pai ainda acordado? - me faço de tonta.

-Anne, filha sente aqui! - ele fala ainda muito sério.

Eu penso, droga será que só agora ele vai brigar por causa da garrafa de champanhe que eu peguei no hotel? Ou pior, será que de alguma forma ele descobriu sobre a noite que eu não dormi no hotel?

Me sento no sofá frente a ele, e respiro fundo pronta pra ouvir um belo sermão.

-Fale a verdade para mim Anne, essas suas amigas, a Carol e a Lucy, elas não são sapatão? Ou são?

Eu rio de alívio e da forma como ele faz a pergunta.

-Ah pai, eu não...

-Anne Rocha, você nunca foi de mentir para mim, pois não comece hoje! - ele me corta.

-Mas, qual é o problema com as meninas pai? - eu tento ficar séria mas é quase impossível.

-Eu percebi tá, a forma como elas se olham - ele fala ainda muito sério.

-Pai toda forma de amor é válida, olha o preconceito Sr. Rocha - eu falo e vou me retirando da sala de fininho em direção ao meu quarto.

-Eu não tenho preconceito Anne, mas você não... - ele segue falando atrás de mim.

Eu dou uma gargalhada escancarada.

-Isso não tem a menor graça! - ele fala mal humorado.

-Pai eu não gosto nem de mulher e nem de homem, a espécie que eu amo é um tipo raro, de outro mundo eu diria, uma fera selvagem e indomável! - falo de forma teatral, sorrio e entro no meu quarto trancando a porta.

E a imagem daquela fera aparece na minha frente, com aquele olhar sedutor, me jogando na cama e repetindo inúmeras vezes "olhe nos meus olhos Anne, apenas olhe nos meus olhos"!

O que será que há para eu decifrar naquele olhar misterioso? Por alguns instantes eu jurei ter visto paixão, uma paixão avassaladora.

Ele me desejava e eu o desejava simples assim.

Minha primeira vez, doce e amarga, é assim que eu posso descrevê-la.

Poderia ser tudo diferente, mas com Anne Rocha tudo é assim mesmo, complicado demais!

TERRORISTAOnde histórias criam vida. Descubra agora