Capítulo | 02

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Jade Santiago

[Atualmente]

Rio de Janeiro – Brasil.

Dei uma última olhada no tríplex vazio. O apartamento que presenciou tantos momentos felizes, e agora o deixávamos para trás.

Quem diria que Jorge Alcântara Santiago faliria oito meses depois de doar quinhentos mil reais para um abrigo de refugiados, por influência da única filha.

Eu bem sabia que nossa atual situação financeira não tinha chegado a aquele estágio por conta da doação, e sim pela má administração dos bens.

Estávamos mudando nosso padrão de vida radicalmente, a fim de caber no novo orçamento apertado, isto incluía nos mudarmos para uma casa bem menor.

— Vamos logo Jade, o proprietário deve chegar a qualquer instante, e não quero vê-lo se apropriar do que já foi meu. — gritou mamãe do lobby, totalmente inconformada.

Ela era a típica socialite carioca, que dava festas extravagantes, torrava rios no shopping e fazia uma plástica a cada trinta dias.

— Já estou indo. — respondi puxando minhas malas.

Nosso novo lar era singelo. Dois quartos, um banheiro social, uma cozinha americana pequena, sala de estar e escritório.

Pra mim era o suficiente, tinha visto pessoas sobreviverem com bem menos.

Abri a mala, e pouco a pouco comecei a organizar o closet miúdo.

De onde estava, ouvi o que já deveria ser a décima discussão dos meus pais.

— Eu não posso acreditar que nos trouxe para morar neste muquifo.

— É tudo que consigo pagar neste momento Eleanor, se você procurasse um emprego, talvez pudéssemos arranjar coisa melhor.

— Não ouse colocar a culpa em mim, foi graças a sua incompetência que perdemos tudo.

— Como é que é? Quantas vezes eu disse que estávamos passando por um momento difícil e você continuou esbanjando como se não houvesse amanhã?

— Eu não me casei para ficar na miséria Jorge.

— Não, você se casou para continuar sendo uma parasita encostada.

Farta daquilo eu peguei meu celular, selecionei uma faixa aleatória do imagine dragons, e pus os fones de ouvido na maior altura.

Papai estava com a testa apoiada na mesa de mogno quando parei em frente ao escritório.

— Pai? — chamei batendo na porta, mesmo sabendo que estava aberta. — Posso entrar?

— Claro minha pedra preciosa. — disse erguendo o rosto para mim e forçando um sorriso.

— Andei pensando, e acho que deveríamos vender o meu carro. — falei me sentando numa das cadeiras de couro. — Ele deve valer uma boa quantia já que está bem cuidado.

— E a faculdade? Você tem que ir todos os dias.

— Posso ir de ônibus ou de carona com a Cecília. — argumentei.

— Não, não vou fazer você se submeter a mais essa privação. Darei um jeito em nossas dívidas sozinho.

— Eu também selecionei alguns anúncios de trabalho no jornal.

A Segunda esposa do Sheik #1Onde histórias criam vida. Descubra agora