Capítulo | 18

28.3K 2.6K 346
                                    

Jade Santiago

[Buraidah, Arábia Saudita.]

Não é assim que se faz. — ri da maneira desajeitada como Naim contornava o papel. — Deixe-me ajudá-lo. — peguei a folha curvando as pontas da maneira correta.

— Dobre ao meio entre ambas as diagonais, desse jeito. Entendeu? — questionei vendo-o fazer careta.

— Eu não tenho dom para artes manuais. — reclamou entregando os pontos.

Há cerca de quarenta minutos tínhamos começado fazer origamis. Ensinei passo a passo da técnica oriental tanto ao garoto quanto a Ara, no entanto apenas a caçula pegou o jeito da coisa.

Jaja eu acho que terminei o elefante. — a menininha de apenas três anos se gabou.

Levantei os olhos para sua mão estendida e sorri ao constatar que ela realmente tinha feito direitinho.

— Desisto! Até a Ara consegue só eu que não. — meu enteado se irritou atirando a folha amassada longe.

— É preciso um pouco de atenção, calma e precisão. Vamos tentar de novo!

— Não quero. — fez birra.

— Nada na vida vem fácil, vai desistir na primeira tentativa?

— Eu quero fazer outro. Posso tentar o sapo? — Ara questionou, super satisfeita com seu desempenho.

— Você só terminou o primeiro porque a Jade fez as partes mais difíceis. — Naim implicou cruzando os braços sob o peito.

— Não é verdade. Fala pra ele Jaja! — fez cara de choro.

— O mérito é todo da sua irmã. Não fiz quase nada. — menti a fim de mantê-la confiante.

Salma adentrou o cômodo.

— Com licença senhora, dona Nazira mandou buscar as crianças para aula de música.

— Terminaremos os origamis outro dia, agora acompanhem a babá de vocês, por favor.

Os dois obedeceram prontamente.

— Então foi isso que aconteceu. — contei toda injustiça que sofri a Guilherme via face time.

— Ele pode mesmo te trancafiar num quarto? — perguntou visivelmente enraivecido.

— Infelizmente pode amigo! A Arábia saudita não é como aí no Brasil. Aqui os maridos têm direitos bizarros sob a esposa.

— Que absurdo! Isso é ridículo, estamos no século XXI e não na idade média. — rolou os olhos.

— Sabe de uma coisa? O que me aborrece nem é o castigo em si propriamente, porque não faço nenhuma questão de sair e socializar com o Rayhan ou com a Nazira. O que incomoda é ele achar aceitável me punir, sequer ouvir a minha versão dos fatos, entende?

— Sim! Você está brava com o machismo e com a injustiça.

— Exatamente, desde que conheci essas crianças me apaixonei por elas, jamais seria má a ponto de agredir Ara. Eu repudio violência contra menores indefesos. O Rayhan não quis ouvir, ele preferiu as mentiras de Surya e da mãe bruaca dele.

— A sua sogra não te amava incondicionalmente?

— Tudo falsidade! O amor dela durou menos que seus relacionamentos. — Nós dois rimos da comparação.

A Segunda esposa do Sheik #1Onde histórias criam vida. Descubra agora