Capítulo | 09

29.6K 2.4K 421
                                    

Jade Santiago

[Aeroporto Santos Dumont - RJ]

O aeródromo estava consideravelmente cheio nessa tarde. Pessoas despachando malas, fazendo check-in e embarcando para viagens em família. Eu e mamãe seguimos para o terminal de desembarque com as plaquinhas escritas: "Bem vinda Sarah" em árabe.

Minha instrutora chegaria por volta das três horas, passaria duas semanas com a gente me ensinando tudo que pudesse sobre as tradições emiradenses antes que partíssemos de vez rumo a Buraidah.

Sentei-me numa das poltronas folheando uma revista e só levantei o olhar quando o tilintar do telão notificou a chegada do voo G37685.

— É o dela, não é? — perguntei a Eleanor, visto que tinha sido ela a falar com Nazira ao telefone.

— Sim! — respondeu se levantando. Fiz o mesmo.

Suspendemos as placas no ar no momento em que passageiros começaram a surgir. Uma mulher esguia, de pele morena e rosto sério caminhou em nossa direção.

— Jade Santiago e Eleanor Santiago? — questionou carrancuda.

— Isso. — falei sorridente em seu idioma.

Minha expressão simpática não a contagiou, pois continuou mantendo o rosto impassível.

— Sou Sarah Abdallah, governanta do palácio de Beilerbei e ocasionalmente preceptora da senhorita. — apontou para mim.

— É um prazer conhecê-la Sarah, estávamos a esperando. — mamãe disse também simpática.

A senhora mal enfezada não quis lhe responder, invés disso acrescentou:

— Devo retirar as bagagens agora.

— Eu posso fazer isso, só me diga quais são. — me ofereci.

Sarah devia ter pelo menos sessenta anos, já tinha certa idade e minha educação pedia que eu pegasse suas coisas em seu lugar.

— De forma alguma! Não devo permitir que a futura esposa do meu chefe carregue esse peso.

— Faço questão. — disse me encaminhando para a esteira rolante. Ela não teve alternativa a não ser me dizer quais eram as suas malas.

A preceptora avaliou meu quarto minuciosamente assim que passamos pela porta. Seu olhar varreu desde a cama pequena até a mesinha repleta de livros sobre medicina.

— Não se preocupe, cederei minha cama para você. Eu dormirei no sofá! — esclareci só para o caso dela estar preocupada.

— O senhor Najib me deu capital suficiente para ficar num hotel.

— Não há necessidade.

— Vocês não tem suíte de hospedes pelo que notei, então creio que há necessidade sim.

— O sofá da sala é espaçoso e fofinho, ficarei bem. — afirmei.

— Certo, podemos discutir isso depois. Quero começar as aulas o mais rápido possível.

— Tipo agora? — perguntei tomada pela surpresa.

— Sim, temos pouco tempo.

— Eu diria que quatorze dias não pode ser considerado pouco tempo.

— Tendo em vista a quantidade de coisas que tenho que lhe ensinar esses quatorze dias são superestimados.

— Tudo bem, a senhora que manda.

A Segunda esposa do Sheik #1Onde histórias criam vida. Descubra agora