Capítulo | 25

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Jade Santiago

[Buraidah]

Entre a Arábia Saudita e o Irã existia uma rivalidade, que já durava muito tempo. Os países sempre foram rivais declarados, contudo a situação ficou mais tensa recentemente.

As nações eram vizinhas poderosas disputando domínio de terra.O conflito se acentuou devido às diferenças religiosas.

Enquanto o Irã era majoritariamente xiita, a Arábia Saudita se via como grande potência sunita dominante. O relacionamento complicado girava em torno do poder, e da influência levando assim a morte de homens descentes, pais de famílias, esposos devotados que serviam como soldados de ambos os lados.

A instituição que minha cunhada mencionara cuidava de exatamente oitocentas crianças necessitadas. Todas as manhãs, Hassan Al-Jawhar um dos garotos órfãos acordava em uma sala que dividia com outras cinco pessoas. A criança tomava café da manhã – com basicamente o que o orfanato podia oferecer devido à escassez de alimentos – antes de ir para uma escola onde até os recursos mais básicos estavam faltando.

Mamãe, porque ele é tão magrinho? — Ara questionou ainda no meu colo. Eu havia a levado comigo para que crescesse humilde, vivenciando realidades diferentes da sua tão privilegiada.

O ar me faltou ao perceber de quê ela havia me chamado.

Desde que casei com Rayhan seus filhos me chamavam de Jade ou Jaja, nunca de mãe, pelo menos não seriamente. Naim certa vez provocou Surya me intitulando assim, contudo não foi algo natural, e sim premeditado.

A atitude tão espontânea me causou susto, e alegria ao mesmo tempo.

— Porque não tem acesso a tanta comida quanto você querida. — expliquei calmamente.

— Ele é pobre? — continuou interrogando.

Sua curiosidade infantil dando as caras.

— Hassan perdeu os pais quando bebê, ele vive aqui dispondo apenas do pouco que lhe dão. — Âmbar foi quem esclareceu a sobrinha.

— Eu posso ir falar com ele? — direcionou os grandes olhos pidões para mim. — Por favor!

— Pode, mas lembre-se de ser legal ou pode assusta-lo. Está bem?

— Sim, obrigada. — beijou-me na bochecha.

Ao ver Ara se afastar a irmã de Rayhan acrescentou:

— Ela te adora.

Sorri satisfeita.

— E eu a amo.

— Dá para perceber só pela forma como fala com ela, e também com Naim.

— É como se tivessem saído de dentro de mim.

— Você é uma excelente mãe. Tenho certeza de que onde quer que Aisha esteja nesse momento está contente pelas crianças terem encontrado amor maternal.

— Obrigada. O que tem para fazermos aqui? — mudei de assunto, entusiasmada para por a mão na massa.

— Será que pode dar uma olhada em Hala? Ela tem dois anos, e há alguns dias vem apresentando febre muito alta.

— Claro.

Fomos até os dormitórios femininos, onde a pequena menina chorava em cima de um beliche velho. Uma das mãos cobrindo a orelhinha esquerda.

Senti imediatamente compaixão por aquele bebê, que sofria por falta de tratamento e condições financeiras melhores.

— Oi coisa linda, a tia Jade vai te examinar. Tá bom? —Âmbar tentou acalma-la antes que me aproximasse.

A Segunda esposa do Sheik #1Onde histórias criam vida. Descubra agora