Capítulo | 30

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Jade Santiago

[Palácio de Beilerbei - Buraidah]

Eu não saberia explicar nem se quisesse como me sentia naquele momento. A sensação angustiante de ter meu coração arrancado do peito e destruído em mil pedacinhos talvez pudesse descrever um pouquinho. Era como se houvessem aberto uma ferida em mim e a deixado sangrando, aberta, exposta para todo mundo ver.

Tentei segurar o choro o máximo que pude enquanto me refugiava em posição fetal sob meu colchão, contudo soluços teimosos insistiram em sair ruidosos por meus lábios, ao mesmo tempo em que sentia-me convulsionar em uma choradeira fortíssima. Agradeci aos céus por Asima e Âmbar terem se retirado assim que me viram tão vulnerável.

Eu poderia estar exagerando, mas a cada vez que revivia a cena de Rayhan com a mão acarinhando o ventre de Surya a vontade de desabar corroía-me. A verdade caiu sob mim com força total. Ela jamais sairia da vida dele, ela jamais nos deixaria em paz. Eu nunca o teria só para mim, eu nunca poderia construir com ele uma família normal, grande e feliz.

Casamento é entre duas pessoas e não três. Aquela conta não batia, sempre ficaria sobrando um. Alguém sairia machucado e estava bem obvio que esse alguém seria eu. Eu que deveria ter sido inteligente o bastante para prever que matrimônio arranjado com a finalidade de ajudar meus pais financeiramente jamais seria uma boa ideia, principalmente com um cara que já era casado.

Em que estava pensando quando aceitei isso?

Que chegaria aqui seria totalmente indiferente ao sorriso bonito de um sheik incrivelmente atraente, e iria embora algumas semanas depois com um divórcio nas mãos?

Fui tola, burra e inconsequente.

A única culpada por estar nesse triângulo amoroso de quinta categoria era eu mesma.

Foi eu que invadi o território de Surya, por mais que ela fosse uma verdadeira naja venenosa, o marido tinha sido dela bem antes.

Comecei a me ver como a amante, a concubina que estava destruindo um lar.

Lembranças de Rayhan tocando-me com intimidade, paixão, desejo invadiram minha mente sem serem convidadas.

Seus lábios sob os meus, suas mãos passeando da minha clavícula a curva avantajada da bunda. Nós dois fazendo amor em nossa cama, embaixo do chuveiro, na banheira de hidromassagem.

Os beijos carinhosos que ele dava nas minhas costas nuas após termos feito sexo o suficiente para nos deixarmos exaustos.

Meu peito comprimiu com todos esses pensamentos aleatórios que só me empurravam ainda mais para tristeza.

Ouvi a porta ser aberta ao longe e me encolhi ainda mais na minha concha protetora, querendo desaparecer magicamente dali e surgir no Brasil onde estaria segura emocionalmente.

Eu desejava poder voltar no tempo e parar bem no ponto em que comecei a sentir borboletas no estomago ao vê-lo se aproximar, bem quando notei o quanto o admirava como empresário, pai e como homem. Bem no instante que percebi que o sorriso com covinha despertava o meu, e que observa-lo sem camisa deixava-me com água na boca.

Os dedos longos de Rayhan tocaram-me na bochecha, tão suaves e gentis como da primeira vez que fizemos amor num quarto de hotel.

— Eu quero que você saiba que eu jamais planejei conceber essa criança com Surya. Eu e ela tivemos relações sexuais muito antes de começarmos nos relacionar desse jeito que estamos agora. Eu e você nem tínhamos dormido juntos, eu achava que tinha batido em Ara, estava com raiva. Já sentia algo por você, mas não era paixão ainda. Foram pouquíssimas vezes, e em todas eu tomei o cuidado de usar preservativo, não sei como isso aconteceu. Não sei mesmo! — ele parecia desesperado, tentando explicar tudo de uma vez.

A Segunda esposa do Sheik #1Onde histórias criam vida. Descubra agora