Jade Santiago
[Riad, Arábia Saudita.]
O evento que Rayhan mencionara aconteceria em outra localidade. Por conta daquilo passamos cerca de três horas enfiados num veículo, trocando pouquíssimas palavras.
Ele entendeu que meu humor encontrava-se péssimo, que a indireta havia sido uma pequena demonstração do que estava por vir.
— Ethan nasceu em Miami. É americano, mas possui descendência árabe. — explicou à medida que atravessávamos o centro da grande capital. — Ele que está oferecendo o jantar. Conhecemo-nos há muitos anos, somos até sócios em alguns investimentos.
Olhei pela janela e fiquei admirada com os prédios modernos em complexo comercial de Riad. Se eu bem me lembrava, a urbanização tinha pouco mais de cinco milhões de habitantes. Misturava bairros de arquitetura tradicional com enormes e futuristas arranha-céus erguidos com a fortuna do petróleo.
Segundo as enciclopédias de Sarah, havia um lugar chamado de visita obrigatória. A fortaleza Al Masmak, uma impressionante construção de cento e cinquenta anos conservada no centro da cidade e considerada pelos moradores um dos locais mais importantes do país. Foi ali que, em 1902, o rei Abdul Aziz se protegeu em uma espécie de quartel-general e, nas três décadas seguintes, uniu o reino que sua família controla com mão de ferro até hoje - beneficiado pelas maiores reservas petrolíferas do mundo.
— Eu não entendo. — falei virando-me para meu marido. — A venda e consumo de qualquer bebida alcoólica, ainda que em local fechado e privado, é crime por aqui. As regras de vestimenta também são rígidas. Apesar do calor, mesmo homens não devem usar roupas que deixem o corpo à mostra. Como é possível que eu possa beber champanhe e usar um vestido ousado como este? — questionei curiosa.
— Eu não sou propriamente um muçulmano tradicional Jade. Fui criado na fé islâmica, então obviamente ela sempre estará comigo. Identifico-me muito com a minha cultura. Mas eu sou apenas eu, não quero ser definido por uma religião ou uma formação cultural. Visitei muitos lugares, atravessei o mundo devido negociações empresariais, e vi coisas. Experimentei diversas delas, me modernizei, abri a mente para o novo. Então vez ou outra bebo um bom espumante, provo dum saboroso uísque e compro trajes sensuais que ficariam muito melhor na minha lindíssima esposa do que um saco de batatas extremamente fechado e folgado. Não tem porque privá-la da mesma liberdade que desfruto.
— E se formos presos nesse jantar por atentado ao pudor? — arqueei uma sobrancelha, meio temerosa.
Farid soltou uma gargalhada, divertindo-se pela primeira vez desde que saímos de Beilerbei.
— Fique tranquila. Como já tinha lhe explicado; apenas estrangeiros estarão presente. Ninguém se incomodará com sua roupa.
Voltei à atenção para janela, mantendo-me em silêncio novamente.
Não queria que ele pensasse que já estava tudo bem entre nós.
❈
A casa do tal Ethan era uma verdadeira mansão extravagante. Quase tão impressionante quanto o palácio em que morava atualmente.
A propriedade estava localizada na avenida King Fahd, perto de Makkah, e já havia sido cotada para ser palco do casamento de Shakara Hussain e Rashid Ali Al-Makki, artistas sauditas famosos.
Para quem olhava de fora, o palacete parecia ter sido construído na mesma época do castelo de Versalhes, que estabeleceu, em seu período, um novo padrão de luxo para o mundo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Segunda esposa do Sheik #1
Romance⇢ 𝐄𝐌 𝐏𝐑𝐎𝐂𝐄𝐒𝐒𝐎 𝐃𝐄 𝐑𝐄𝐄𝐒𝐂𝐑𝐈𝐓𝐀 Livro #1 da trilogia árabes. Jade Santiago é uma jovem de 22 anos que mora com seus pais em um pequeno apartamento no Rio de Janeiro, a família antes bem sucedida e proprietária duma enorme f...