Capítulo | 03

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Rayhan Bolkiah

[Atualmente]

Buraidah Arábia Saudita.

O sol da manhã invadia o escritório, através das enormes janelas de vidro, que iam do chão ao teto. 

Atrás de mim, a vista deslumbrante dos arranha-céus, e toda cidade contrastava com o ambiente extremamente sofisticado a minha frente.

Tentando me concentrar unicamente no trabalho, ignorei a voz estridente de dona Nazira ao fundo, e foquei na tela do computador digitando sem parar.

— Eu amo Surya, ela é como uma filha para mim, mas é perceptível sua falta de tato para com a maternidade. —  minha mãe reclamou pelo que contei ser a vigésima vez.  — Vive em pé de guerra com Naim e Ara, não se esforça para que eles a vejam de outra forma se não como madrasta.

— Será que podemos conversar sobre isso em casa? — perguntei em meu tom mais gentil, querendo que ela me deixasse lidar com um problema de cada vez.

Só hoje eu tinha quatro reuniões, e duas videoconferências, não tinha tempo para assuntos domésticos. Não nesse momento.

— Você nunca está em casa Farid, eu precisei vir até sua empresa para ter um pouco de atenção, se é que estou tendo. — dramatizou.

— O que quer que eu faça? Despache Surya de volta para os Ananda? Permita-me lembra-la que foi a senhora e papai que fizeram esse arranjo. Eu nunca a quis como esposa, não queria nem me casar novamente, e de tanto encherem minha paciência com aquela ladainha de que as duas famílias se conheciam a séculos, que ela era uma moça prendada, educada aceitei essa palhaçada.

— Não aumente o tom de voz para falar comigo, eu te coloquei nesse mundo Rayhan. Se fiz você se casar pela segunda vez é porque vi a sua tristeza após a morte de Aisha.

— E agora que sua queridinha vem apresentando defeitos quer um terceiro matrimônio. Quantas esposas terei que arranjar para que me deixem em paz?

— Quantas forem necessárias seu ingrato! Estou pensando no bem dos meus netos. E não ache que eu e Said estamos felizes com sua provocação.

Há alguns meses atrás meus pais estavam tentando me convencer a casar novamente. Como maneira de irritá-los, impus que só subiria ao altar se minha próxima mulher fosse latina, e de preferência brasileira.

O que os fez ficarem loucos. Minha linhagem odiava estrangeiras e repudiavam ainda mais todos que não seguiam o Islã.

Eu que nunca fui dado a seguir religiões, leis ou tradições, não via empecilho nenhum em me relacionar com alguém de fora, desde que fosse uma decisão minha, por livre e espontânea vontade.

— Se passou pela sua cabeça que essa ideia ridícula nos faria desistir, está completamente enganado. Sabe aquela entrevista que deu para TV alguns anos atrás?

— Sim.

— Nós a transmitimos totalmente traduzida para quatro estados brasileiros, e publicamos um anúncio no jornal em seu nome.

— Como é?

— Isso mesmo. Não quer uma esposa impura? Então terá uma esposa impura.

— Que absurdo! Se a desculpa de vocês é o bem estar das crianças, eu contrato mais uma cuidadora.

— Contratar funcionárias para suprir a carência afetiva dos seus filhos durante sete ou oito horas não vai resolver Rayhan. — mamãe disse já se levantando para ir embora. — Eu fiz o que qualquer boa avó faria.

A Segunda esposa do Sheik #1Onde histórias criam vida. Descubra agora