CAPÍTULO 5
A partir dali, as coisas poderiam ter sido bem diferentes. Ela poderia ter voltado para seu quarto e tentado dormir. Ele poderia ter se servido de mais algumas doses de uísque e passado o resto da noite sozinho.
Mas os dois preferiram ficar juntos.
Assim descobriram mais coisas um do outro, como o fato de Stela ter terminado a faculdade com apenas 19 anos e logo em seguida já conseguir uma bolsa de mestrado. E ela estava nervosa porque voltaria para o Brasil naquele mês e não tinha ideia de como seria sua vida a partir dali. Quando Brian perguntou se ela era algum tipo de prodígio, Stela ficou vermelha e disse que não era nada demais, que só gostava de Matemática e pronto. Brian nem soube o porquê, mas contou que tinha medo de aviões, assim, do nada, e ao invés de rir da cara dele como os colegas faziam durante as turbulências, Stela tentou tranquilizá-lo com argumentos de aerodinâmica.
Brian nunca tinha conversado tanto assim com uma garota. Ele ficou assombrado com a quantidade de coisas que ela sabia. E mais ainda, com a quantidade de coisas sobre a própria vida que se sentiu a vontade para revelar a alguém que conhecera há menos de um dia.
As horas passaram, obviamente. E Stela desejou, tanto quanto Brian, que aquele filete dourado que escapava por um vão miserável da cortina não fosse o sol.
Foi ela quem conferiu o relógio do celular.
— Nossa. São quase sete horas.
— Sério? — Brian lamentou e Stela se sentiu especial. — Puxa, você fez o tempo parar.
— Eu tenho que tentar dormir um pouco.
— É... eu tenho que pegar um avião daqui duas horas.
E o silêncio que se instalou no quarto de repente foi constrangedor.
— Então... acho que isso é um adeus. — Stela não soube onde arrumou forças para dizer.
— Pois é. Parece que sim.
A garota se levantou e procurou pelos sapatos. Vestiu o moletom amarrotado sem nenhuma empolgação. Mas de súbito se alegrou: ainda tinha o cheiro dele no tecido.
— Vou só lavar meu rosto antes de ir. — Stela falou.
— Tudo bem.
Quando ela voltou para o quarto, Brian já tinha se vestido e terminava o cadarço do All Star. Os cabelos castanhos ainda estavam desarrumados, mas parecia ser a sua intenção deixá-los daquele jeito. Ele voltou o rosto em direção a ela, um sorriso triste nos lábios. Stela devolveu o gesto e lhe disse antes de sair:
— Ah, e Brian, eu sei que isso vai parecer clichê e tudo mais. Mas eu queria dizer que essa noite foi muito especial para mim. Você não é um cretino como pensa. Na verdade, você é um cara muito legal.
Ele permitiu que um meio sorriso escapasse dos lábios.
— Não pareceu clichê. Essa noite foi especial para mim também. Se cuida.
Stela realmente quis acreditar na veracidade daquelas palavras, mas era um pouco ingênuo pensar que ele estivesse sendo mais do que educado.
— Ok. Se cuida você também.
A maçaneta já estava na sua mão. Gelada até seus ossos. Ela teve esperança de que Carter a impedisse. Que a convencesse a largar seus compromissos enfadonhos de mestrado e fosse com a Dark Paradise para outro ponto do mundo. Mas o rapaz continuou sentado na beira da cama, sem nada dizer. Então Stela fechou a porta com cuidado e seus sapatos não fizeram barulho no corredor encarpetado. Já no elevador, encarou-se no espelho. Havia novas marcas no seu rosto: um arranhão abaixo do queixo e um corte superficial no lábio que tinha gosto metálico. Teve orgulho delas.
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Não Conte aos Paparazzi (concluída)
RomanceModelos, atrizes famosas, ou ambas numa mesma noite: Brian Carter não se importa com sua má fama de mulherengo e tampouco estava disposto a abrir mão da liberdade quando conheceu Stela Reis. Achando se tratar de mais uma fã que cairia fácil no seu c...