Capítulo 25

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 CAPÍTULO 25

— Ele deve ser mais do que um motorista pra você, não?

— Hum?

— Diego Hernandez. — O atendente da delegacia de Los Angeles parou de bater a caneta contra o balcão. Ficou encarando Brian. — Sabe, você não precisava ter vindo aqui pessoalmente. Poderia ter mandado alguém para pagar a fiança.

— E por que quer saber? — Carter franziu o rosto. — Você trabalha para algum jornal ou algo assim?

— Não, eu... Puxa, vocês famosos são desconfiados. — O rapaz disse todo sem graça, então deslizou os olhos de volta para a tela do computador.

Brian arrependeu-se em menos de um minuto do jeito ríspido como falou. Redimiu-se:

— Ei, Leonard, certo?

O nome estava gravado numa plaquinha em cima do balcão. Carter continuou depois que o rapaz o olhou hesitante:

—É que a tia do Diego é como uma mãe para mim. Precisava fazer isso por ela.

— Ah, legal. — Leonard animou-se com a mudança de humor do músico: sinal verde para puxar mais assunto. — Ele tem sorte. Trabalhar para "Brian Carter". — Fez o nome soar como o de uma multinacional importante. — Você deve pagar bem, hum?

Carter deu apenas uma arqueada de sobrancelha em resposta. Piscou bem devagar, tentando não perder a paciência. Pela segunda vez.

— Er... então... logo, logo, Torres vai te atender. — O jovem ajeitou os óculos grandes demais para o rosto miúdo. Sua voz diminuiu um tom, como se estivesse contando algo ultrassecreto. — E isto não é algo que Torres costuma fazer, sabe? Falar pessoalmente.

— E pela sua cara, eu deveria estar preocupado.

— Se você fosse um qualquer eu diria que sim, mas já que é famoso, talvez Torres só queira aproveitar para ver um astro de verdade, diferente deste bando de fracassados. — Leonard lançou um olhar desdenhoso para as excentricidades ao redor. Precisava-se ter senso de humor para trabalhar ali. O lugar mais parecia uma mistura dos bastidores da Universal Studios com um hospício. A esquerda de Brian, separado pela distância de quatro assentos, um homem vestido de palhaço batia os pés no chão com impaciência. A maquiagem havia sido desconfigurada pelo calor angelino e Carter ficou na dúvida se o real propósito da fantasia era assombrar ou divertir criancinhas.

— Esse delegado Torres... acha que ele vai dificultar as coisas? — Carter perguntou.

O atendente riu de alguma piada particular.

— Delegada Torres. É uma mulher. Ou quase isso. — Revirou os olhos por trás dos óculos. —Se for com a sua cara, não vai dificultar.

Ouviram o barulho de saltos altos. Brian notou todos os policiais reajeitarem a postura. Leonard, uma dupla de investigadores que jogava conversa fora, e outra atendente que parecia estar em uma ligação sem relação com trabalho, trataram de arrumar algo útil para fazer. Quem quer que fosse a dona daquele par de sapatos barulhentos, parecia botar banca no lugar. Carter apostaria cinquenta dólares na tal Torres.

A mulher surgiu do corredor. Seu blazer tinha um decote generoso que atraiu o olhar de Brian como um canto de sereia. Os cabelos negros de amazona amarrados em um alto rabo de cavalo também eram algo a se notar. Madura, mas ainda assim, muito atraente.

— Senhor Brian Carter? — Ela falou, voz estrondosa. Nem se preocupou em proteger a identidade do músico. Mas sejamos justos, quem ligaria para Brian Carter quando Elvis Presley, o verdadeiro rei do rock, estava logo ali, cantando com as mãos algemadas no centro da Delegacia? Ninguém, certamente.

Não Conte aos Paparazzi (concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora