Capítulo 46

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MENINAS, não alcançamos 100 estrelinhas, mas quase! Então me senti boazinha (pela segunda vez em menos de uma semana) e trouxe capítulo novinho para vcs! Mas... como nem tudo são flores, dividi esse capítulo em duas partes... hehehe.... Se essa primeira parte alcançar 50 votos já  posto a segunda parte amanhã!  E já aviso que faltam só dois capítulos para NCAP acabar. Então bora votar para saber como foi o reencontro desses dois!

Boa leitura!

Charles quem dirigiu, e duas horas depois, alguns limites de velocidade excedidos e presos num engarrafamento sem fim nas proximidades do ginásio onde iria ocorrer o show da Dark Paradise, escutaram as notas da guitarra de Elijah misturando-se ao clamor da plateia: a banda acabava de iniciar o show.
Íris estalou um beijo na bochecha de Stela antes que a filha saltasse do carro acompanhada de Otávio e Josi. Pais não precisavam fazer parte dos encontros amorosos dos filhos. Aliás, não deveriam. Principalmente quando isso envolvia hard rock e um ginásio abarrotado de jovens. Não era bom para a labirintite da senhora Reis. Ela e o esposo torceriam confortavelmente do apartamento da garota. (E a pedido de Stela, aproveitariam para conversar com a síndica sobre o tal estrago feito no jardim por dois homens exaltados).
Luzes do ginásio refletiam contra nuvens carregadas. A chuva havia escolhido a pior das horas para dar as caras e São Pedro não parecia disposto a dar trégua. Mas o tempo era só um coadjuvante, sua falta de colaboração não impedia a atuação das principais estrelas da noite que arrancavam gritos eufóricos do público. Stela pisou numa poça d'água, mas abstraiu. Não deixaria que um tênis encharcado a tirasse do sério agora que estava tão absurdamente feliz.
Na entrada principal, fãs retardatários protestavam pela fila demorada. Um sacrilégio perder a música "Your Toxic Love", single do último disco. Era melhor que a bilheteria andasse mais rápido ou então seria preciso conter um motim.
— Ele deve ter deixado seu nome autorizado em algum lugar, certo? — Otávio disse, foi mais uma pergunta retórica.
— Assim espero. Vamos procurar alguém da equipe técnica, tipo... aquele carinha ali. — Stela disse e foi na direção do homem parrudo que carregava uma credencial no pescoço. Esperou que ele deixasse o walk-talk de lado, então sorriu na esperança de anular o semblante de poucos amigos do homem.
— Oi. Você trabalha para a equipe técnica da Dark Paradise?
Ele encarou com um ar prepotente antes de dizer:
— Sou o chefe da equipe. Por quê?
Que doce.
— Porque ela — Josi entrou na frente da amiga, e grande trunfo da noite — é a garota da declaração que o Brian fez agora a pouco.
Stela sorriu meio sem graça. Não combinava muito com sua pessoa este tipo de introdução. Mas parece ter funcionado. Já que o homem arregalou os olhos surpreso.
Uau! — Ele exclamou. — Acho então que devo colocá-los na parte VIP!
Eles deixaram de encarar o encarregado da equipe técnica e se entreolharam em êxtase.
— Pode apostar que sim!— Josi respondeu extasiada. Otávio acenou entusiasmado e Stela fez um agradecimento mental por não ter que se utilizar do discurso preparado no carro. Até que o homem continuou:
— E também chamar um massagista, servir um cafezinho... — O desmancha-prazeres revirou os olhos, deboche a cada palavra. — Sabe quantas garotas já me abordaram hoje com essa mesma história?
O sorriso dos três diminuiu gradativamente.
— Mas é ela! — Josiane gesticulou aflita. — Pode ver a identidade, ela se chama Stela!
— Claro que se chama, assim como outras vinte antes dela.
Stela Reis? — A dona do nome perguntou incrédula. Alguém deveria baixar uma lei referente à exclusividade de denominação. Ou demitir aquele idiota.
— Stela Reis, Stela Reis Silva, Stela Reis Santos, Stela Pereira Reis... A primeira conseguiu entrar, eu acabei acreditando. — A boca do homem retorceu em sinal de protesto — Mas então mais outra e mais outra... — Ele permaneceu de braços cruzados, encarou a professora. — Você tem alguma prova?
— Prova?
— É. De que você é a verdadeira. Fotos com ele, vídeos. Essas coisas.
— Não... eu... não tenho mais fotos. Não queria que ele achasse que eu estivesse interessada em contar vantagens para tabloides e... o contato telefônico...excluí depois que brigamos.
Meu Deus. Soava idiota quando dito em voz alta. Alguma das impostoras deve ter dito a mesma coisa.
— Sei. No mínimo muito estranho, se você é a Stela "íntima de Brian Carter", não guardaria nada que te relacionasse ao cara? — O homem parou por alguns segundos, deu-lhe uma olhada crua dos pés à cabeça. — E sinceramente? Uma garota como você, não combina com aquele músico em cima do palco.
Ela sentiu as bochechas queimarem. Não teve força para responder. Josi apertou a mão da amiga e Otávio gritou alguns xingamentos para o homem que sumiu por entre um aglomerado concentrado na portaria principal.
— Otávio. Não adianta. — A professora suspirou enquanto o cérebro ainda tentava resolver toda problemática física que a separava do vocalista.
— E o que a gente faz agora? — O irmão perguntou.
Stela abriu a carteira. Procurou o cartão de crédito que deveria ser utilizado apenas em emergências. Exatamente o que aquilo era, não? Totalmente aceitável se endividar para garantir encontros com astros do rock.
— Fazemos o lógico: compramos os convites.
E que os momentos posteriores valessem cada centavo.

*



Pagaram quatro vezes o valor da pista Premium. Cambistas tinham suas próprias regras de preços e os ingressos sofreram uma valorização que desafiava teorias consolidadas de economia. Então lá estavam eles, três pessoas no meio de outras milhares. Agulhas num palheiro. Agora era só torcer para que Brian a identificasse com sua visão biônica.
Ótimo. Se Stela fosse submetida a um medidor de estupidez naquele momento, ele alcançaria índices estratosféricos.
— Não acredito que cheguei a achar que isso fosse dar certo. Estamos na melhor área do show e mesmo assim é muito longe. — A professora gritava para que a voz sobressaísse à bateria tempestuosa de Dominic. Nos telões, câmeras faziam um close do que era o homem mais lindo de todos os tempos: Brian Carter. E, sim, ela achava crucial citar nomes já que os demais integrantes vinham empatados logo atrás do primeiro. Deuses do rock para todos os gostos.
— Bem... melhor do que se você estivesse numa das arquibancadas. — Josi gritou de volta. — Aí as chances de ele vê-la seriam iguais à zero.
— E as chances do Brian vê-la aqui são só um pouco acima disso. — Otávio complementou com um balançar de ombros. Afinal, otimismo era para os fracos.
— Tá legal. Não vou desesperar. — Stela torceu o lábio. — Qualquer coisa, podemos correr até o saguão do Fasano e montar acampamento.
— Juntos com outras centenas de fãs que provavelmente estarão lá. — Josiane disse. — Se o Cristiano não tivesse mentido para ele... era provável que estivéssemos assistindo ao show nos bastidores agora.
Stela percebeu que não havia pensado em Cristiano nenhuma vez desde que toda aquela sequência maluca de eventos ocorreu. Na verdade, acabara de pensar, já que havia um risco dela e Brian se desencontrarem e Cris teria grande parcela de culpa por isso. Faria churrasquinho do ex se o encontrasse. E por educação, também perguntaria se o nariz dele estava quebrado...
Se não estivesse, era provável que ela mesma o quebrasse.
Otávio tirou a irmã dos pensamentos sádicos vingativos antes que a garota tomasse gosto pela coisa. Ele apontou para uma frase em pixels coloridos que deslizava logo abaixo de faces exibidas no telão: "Onde está Estella?". Câmeras captavam o entusiasmo das fãs perante a própria imagem. Rostos aleatórios que em questão de segundos eram substituídos por outros: cinderelas desejando caber no sapatinho.
— Escreveram meu nome errado. Alguém me diga quem fez isso porque eu vou matar.— Stela ironizou, como se uma letra a mais no nome fosse o maior dos seus problemas naquele momento.
Os olhos de Josi se estreitaram. E então ela gritou, pulou e sacudiu a amiga. Tudo ao mesmo tempo:
— É isso!
— É isso o que, Josi? — Stela a olhou sem entender.
— Temos que descobrir quem faz estas filmagens. E ir até lá!
Os três procuraram pela câmera. Foi Otávio quem achou. Estava na parte mais alta da arquibancada. Totalmente inacessível.
— Perfeito. Deve ser mais fácil ser atingida por um raio do que ganhar um close de cinco segundos naquele telão. — Stela disse.
Estatisticamente, não era. Mas ninguém disse nada. Já estavam quase aceitando a ideia de ir de plano B e curtir a noite, quando de repente, o rosto de Otávio adquiriu a mesma expressão daqueles que recebem uma inspiração. Poderia ser um sinal divino, ou só uma coincidência, mas o garoto preferiu acreditar na primeira opção. Então acenou para algo logo atrás das duas garotas:
— Acho que sei o que fazer para o Brian ver você.


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