Capítulo 24

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  CAPÍTULO 24

Stela marcou com Cristiano na cafeteria de costume, a que ficava entre o trabalho dos dois. Daquela vez não dispensou o cardápio. Sempre teve vontade de experimentar algo diferente da combinação expresso com pão de queijo, e era bem provável que não voltasse ali durante um bom tempo. Talvez nunca mais voltasse. Via as coisas assim: em qualquer rompimento, cada uma das partes tinha direito a uma porção das coisas que construíram juntos. E foi Cris quem descobriu a cafeteria. Ele poderia ficar com ela.

— Oi, doçura. — Ela sentiu o beijo sob sua têmpora. Cris arrastou a cadeira e sentou-se de frente, bem no lugar que Stela achou que o publicitário se sentaria. Ele estava com uma de suas camisas sociais caras e rescendia ao perfume cítrico usual.

— Oi. — Respondeu de volta, a voz baixa o bastante para que nem ela própria se ouvisse direito. De repente, deu-se conta de que aquilo seria só dez vezes mais difícil do que imaginou.

Seu mocaccino especial chegou logo em seguida. Não encontrou apetite para saboreá-lo. A garçonete perguntou ao rapaz se ele já queria pedir. E Cristiano escolheu expresso com pão de queijo. Previsível ao extremo. O homem não se arriscava.

— Ei. — Cris disse e, por debaixo da mesa, Stela sentiu o sapato dele cutucar seu pé. — Nem me esperou, hein? Está com pressa?

— Não, só não sabia quanto tempo iriam demorar para fazer. É uma bebida mais sofisticada do que um expresso.

A voz dela falhou. Mas o rapaz não percebeu, em seguida revelou os dentes brancos que contrastavam com a pele bronzeada:

— Sofisticada igual à minha linda namorada.

Uma risada tímida tremulou no rosto da garota. Sorrisos de propaganda dental e elogios agora não iriam ajudá-la. Nem o que viria em seguida.

Cris empertigou-se na cadeira, apoiou os cotovelos na mesa, as mãos forneceram apoio para o queixo. Uma alegria intensa tomava conta do seu rosto.

— Stela, estou ansioso para contar. Achei que deveria esperar até dia dezessete porque poderia fazer disso uma surpresa, mas não consigo ficar de boca fechada até lá. — Parou retomando o fôlego. — É bom demais, gata.

Com o olhar atento, ela esperou que Cris continuasse. Sentia o copo de mocaccino queimar suas impressões digitais. Apertou mais forte. Naquele momento a dor funcionava como um tipo de aliada.

— A agência vai abrir uma filial em Santiago. Querem que eu treine o pessoal de lá. — O rapaz deu um sorriso, esperando algum comentário.

— Que bom... E por que queria esperar dia dezessete para me contar?

Cristiano a encarou, surpreso, depois começou a rir. Stela ficou tensa.

— Poxa, doçura. É bem engraçado que só eu lembre as datas. — Deu um tempo para ver se Stela adivinharia sozinha. Não adivinhou. Cris fechou os olhos por um instante. Quando os abriu, eles brilhavam. — Dia dezessete fazemos cinco meses.

A garota continuou em silêncio e ainda mais confusa. Alguém traga um especialista em entrelinhas porque eles não estavam se entendendo.

— Ah, claro. Você não fez a conexão, mas lá vai: quero que vá comigo. — Cris bateu as mãos abertas sobre a mesa como um jogador felizardo de pôquer. — Pense nisso como um presente de namoro. E também... um pedido de desculpas. Sei que fui um idiota, falei as coisas erradas, fui egoísta... quis mudar você, sendo que você já é perfeita do jeito que é.

Stela sentiu seu estômago embrulhar. Não soube mais o que dizer, as palavras do homem dançavam em sua cabeça e embaralhavam tudo o que havia preparado.

Não Conte aos Paparazzi (concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora