Capítulo 9

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CAPÍTULO 9

A garrafa de tequila, imperante sob a luz amarelada de um lustre baixo, havia sido ideia de Dominic. Ao seu entorno foram organizados seis copinhos. O baterista serviu-se e também distribuiu as demais doses: uma para cada membro da banda, outra para a ruiva opulenta, mais uma para a senhorita peituda e, por fim, uma dose para Stela; a garota cujos caracteres físicos não eram marcantes o suficiente para lhe garantirem um apelidinho novo por parte de Elijah. Graças a Deus.

Ninguém tomou a bebida até que Nash terminasse de explicar as regras:

— Para quem ainda não brincou de "eu nunca", e parece que é só a Stela, — Elijah riu do olhar de irritação da garota antes de continuar — o jogo funciona da seguinte forma: quando for sua vez, você deve dizer algo que nunca fez. Então os participantes que já fizeram o que foi declarado, devem virar. Se ninguém fez, quem bebe é o declarante. O jogo só termina quando a garrafa estiver vazia e ganha quem estiver mais sóbrio.

Regras estabelecidas e o jogo seguiu de acordo. Tudo bem previsível. Stela era a que vinha mantendo o copo intocado por mais tempo na mesa. É o que acontece quando se passa a adolescência mais na companhia de livros do que em festas: você não se torna a pessoa mais divertida para este tipo de jogo. Brian, Elijah e Dom dividiam o primeiro lugar do pódio, sem nenhum sinal visível de embriaguez.

A maioria das declarações era tão óbvia quanto as respostas. Como a ruiva dizer que nunca participou de um ménage à trois. Com exceção de Stela, todos viraram os copos. Inclusive a própria declarante, que se mostrou uma mentirosa no fim das contas.

Na terceira rodada, Stela também começou a virar esporadicamente. Afinal, não tinha graça ser a puritana da mesa. Notou a cara de preocupação de Brian a cada vez que fazia isso. Mas tudo estava bem desde que não visse rostos duplicados e soubesse contar todos os dedos da mão, certo?

A garrafa já estava pela metade quando chegou a vez de Dominic:

— Caramba, eu já fiz de tudo nesta vida — ele parou pensativo — mas algo que nunca fiz e nunca farei — enfatizou com uma careta — foi ficar com alguém do mesmo sexo.

Risinhos. Garota A e garota B viraram as doses e até ai nenhuma novidade. Para Stela, a verdadeira surpresa foi ver o copo de Elijah vazio. Ok. Talvez não tão surpresa. Afinal, o homem era a típica pessoa que se lixava para convenções morais e isso deveria refletir em sua sexualidade de alguma forma. Dom e Brian não demonstraram nenhuma reação, já deviam saber do leque de opção mais amplo do colega.

— Bem, ainda temos tequila suficiente para uma última rodada. — Nash disse com o rosto voltado para o vocalista e um sorriso presunçoso nos lábios. — Então vamos lá príncipe gótico, não nos decepcione. Conte-nos algo que a mídia ainda não contou.

Todos olharam para Brian, que fez o brinde e declarou sem emoção:

— Quer saber algo que a impressa ainda não revelou? Eu nunca me apaixonei de verdade.

Elijah olhou de soslaio para Stela. Ela leu "eu te avisei" na expressão soberba do guitarrista. Em seguida, ele, Dominic, ruiva e peituda, viraram as doses. Stela e Brian entreolharam-se: os copos solitários e cheios até a borda formando um belo par sobre a mesa.

Nash correu os olhos de Brian para Stela, seu copinho vazio perdendo-se entre seus dedos compridos:

— E não é que eles têm isso em comum? Dois coraçõezinhos de pedra, afinal.

— E não é que temos? — Brian disse com um meio sorriso para o colega. — Ok rapazes. A companhia está muito boa, mas eu e a Stela precisamos ir.

Não Conte aos Paparazzi (concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora