Bom dia meninas! Conforme prometido, segue o capítulo final. Ele é curtinho, por isso preparei um capítulo bônus (e como não gosto de iludir ninguém, não é sobre Brian e Stela não, mas sobre outros personagens dessa história) se quiserem que eu poste comentem ai para eu saber, senão já finalizo por aqui. E peço por favor que votem neste capítulo tbm. Agradeço muito o tempo que me acompanharam e rezem para que eu tome vergonha na cara e termine a história que eu já comecei para o Elijah "Procura-se um guitarrista".
Boa leitura. <3
Milhares de pontinhos embaçados: fãs devotos que acompanhavam a melodia da última canção da noite sem se intimidar pela garoa incessante. Mas Brian cantava meio que no piloto automático, só pensava em como era desconcertante ver tantas pessoas reunidas e desejar a presença de apenas uma.
Puxa vida. A vontade de saber se Stela estava ali apertava seu coração a ponto de doer.
Já havia desistido de conferir os rostos no telão. Garotas lindas, mas nenhuma familiar. E se errasse novamente a letra da própria música, corria sério risco dos colegas de banda mandarem um jatinho supersônico buscar o tal Jeremy Hunter para substituí-lo nos minutos restantes da turnê.
Precisava de concentração. E também aceitar o óbvio, claro. Aceitar que naquele momento, a garota para quem se declarara ao vivo, provavelmente estivesse cuidando do nariz quebrado de outro cara enquanto amaldiçoava o vocalista e suas sete gerações futuras por ter agido como um babaca inconsequente.
Ele errou a música mais uma vez.
Então de repente, não ouviu mais o som da guitarra, e não porque havia algum problema de capacitação com a aparelhagem caríssima de Elijah, mas porque o colega parara de tocar. Tommy e Dom também cessaram o baixo e a bateria logo em seguida.
Retaliação?
O vocalista já ia começar um novo pedido de desculpas (o décimo terceiro daquela noite), quando notou Morello fazendo um sinal para que ele escutasse a plateia. Carter o fez; ouviu música. O som orgânico de apenas uma nota executado pelos fãs: um sibilo agudo ensurdecedor. Depois também vieram as palmas. Brian nunca viu algo igual. A estrutura da arena parecia prestes a desmontar sob seus pés. Ele acompanhou os dedos de Elijah indicando o telão assim que o colega anunciou ao microfone:
— Ora, ora. Pode para de procurar, Brian. A ratinha te encontrou.
E em algum lugar daquela multidão, Stela demorou alguns segundos até perceber que o rosto confuso repetido em todos os telões, era o dela.
As lágrimas embaçaram a visão de Brian. E o rapaz preocupando-se com o fato de alguém descobrir sobre suas tendências à emotividade quando se tratava de Nicholas Sparks. Aquilo era só cem vezes pior, mas de um jeito bom. De um jeito fodidamente bom.
— Minha nossa... é mesmo você. — Ele disse. Riu. Enxugou os olhos. Afundou o rosto nas mãos. Riu de novo. E retomando o fôlego, continuou:
— Stela... você ficaria muito sem graça se eu dissesse, aqui do palco mesmo, que sou completamente louco por você, que não há um dia em que eu não pense em nós dois, e que você deveria cogitar seriamente a ideia de embarcar comigo no avião de volta para Los Angeles e tipo, passar o resto dos seus dias ao meu lado? Ou... prefere que eu não conte nada disso a ninguém e te diga tudo pessoalmente?
O ginásio inteiro gargalhou, depois gritou extasiado quando corações feitos de pixels multicoloridos e efeitos digitais que imitavam a queima de fogos de artifício deslizaram ao redor da imagem de Carter e Stela como um anúncio da virada do ano.
— Peço perdão pelo nosso vocalista. Ele largou a escola meses antes do professor explicar o significado da palavra "discrição". — Elijah disse, ao que o colega devolveu: — Falou o cara que colocou o conceito dela no dicionário.
Mas voltando ao assunto...
"Se quiser repetir o pedido pessoalmente, não vou importar." Diante da falta de microfones que lhe dessem igual vantagem, Stela respondeu (torcendo para que o vocalista fosse especialista em leitura labial). Bem, pela forma que Brian sorriu, a garota teve certeza de que seu interlocutor captara a mensagem. Perfeitamente. E quando ele perguntou onde ela estava, Stela respondeu e desejou que a especialidade do homem estivesse a um nível avançado.
— Pista Premium perto das grades? — Brian falou de volta, para o alívio dela. — Ok. Espere aí.
Como se ela fosse a algum lugar.
Mas antes que abandonasse de vez o palco e alcançasse os bastidores, saído diretamente do limbo dos pesadelos de Brian, eis que surge Robert Barlet.
— Ei, ei. O que pensa que está fazendo? — o empresário disse, a cor naturalmente avermelhado da sua pele aumentando uns dois ou três tons. Que tivessem paramédicos ali caso o homem sofresse um infarto. — Perdeu aquele pingo de juízo que ainda lhe resta? Volte imediatamente para aquele palco e termine o show pelo qual os organizadores nos pagaram para fazer!
— Eu volto. Assim que a Stela estiver ao meu lado.
Porque Brian não havia pedido dezenas de toalhas brancas bordadas com suas iniciais, nem massagistas, nem um prato especial preparado pelo melhor chef de cozinha do Rio. Ele só pedira uma coisa para Barlet, e havia sido bem claro.
Mas Robert não queria mesmo saber. E precisou de apenas um sinal com os dedos para que a leva de seguranças logo atrás dele se organizasse em perfeita sincronia e criasse uma barricada humana. Brian teria achado aquilo lindo se eles não estivesse obstruindo a passagem.
— Ah, pelo amor de Deus. Vocês sabem que sou eu quem pago o salário de vocês, não sabem?
Nenhum deles se mexeu. Foi quando Brian teve a melhor e mais estúpida de todas as ideias. O vocalista retirou o emaranhado de fios presos ao corpo e soltou o microfone. Fez um sinal para que a banda continuasse, Elijah segurou muito bem os vocais de Black Hole para o colega. E Stela continuou com o semblante confuso até se dar conta do que Brian tinha em mente.
Cristo. O homem havia perdido a sanidade.
A câmera teve tempo de captar um "FICOU MALUCO?" saindo dos lábios dela antes que Carter mergulhasse contra o público. Um gesto imprevisível, arriscado, e... sem sequelas: foi amortecido pelas mãos dos fãs, claro. Jamais deixariam o ídolo se chocar contra o chão.
Logo Brian estava próximo suficiente para que Stela pudesse distinguir seus traços sem precisar da ajuda de nenhuma câmera de alta resolução. Por cima do ombro do vocalista, ela pode ver o aglomerado de seguranças que corria ao encontro deles, Marina que fazia uma cobertura exclusiva para o canal 11, e uma multidão ainda surpreendentemente comportada, levando em consideração toda essa sequência de eventos.
Ignorou tudo aquilo pelo bem do momento.
E também rindo como uma boba, olhos marejados encarando os machucados da face dele, disse a frase mais romântica que lhe veio à mente naquele instante:
— Deus do céu, você está péssimo.
Brian retirou uma mecha de cabelo do rosto da garota, seu olhar segurou o dela tempo necessário para que entendesse que aquilo estava realmente acontecendo. Caramba. Era real. E fodam-se as lágrimas. Felicidade não podia ter meio-termo.
— Devia ter visto o outro cara. — Ele disse, mas tentou consertar quando se lembrou quem era o outro cara em questão. — Quero dizer, eu sinto muito que...
Ela elevou um indicador até os lábios do músico. Os olhos de Brian foram direto para a atadura que envolvia a mão dela. Agora que tinham todo o tempo do mundo, Stela lhe explicaria tudo mais tarde, quando estivessem juntinhos debaixo de um edredom fazendo planos para as horas seguintes. Dias, semanas, meses, anos. Seu coração expandiu-se com todas as possibilidades.
— Não tem outro cara. Só tem você. Sempre foi você. E sabe, acho que deveríamos arrumar um jeito de deixar claro para os fãs da Dark Paradise que eu também sou louca pelo astro do rock maluco que acaba de fazer um stage diving¹ por mim e... que quero passar o resto dos meus dias ao lado dele. O que você acha?
Os olhos do homem brilharam em efeito às palavras dela, e quando ele sorriu, Stela já sabia qual seria a resposta.
— Você sempre tendo as melhores ideias, garota.
Foi só o que o vocalista disse antes de beijá-la.
E fogos de artifício coloridos reluziram no céu carioca daquela noite.
¹Stage diving é o termo inglês para descrever o ato de pular de cima de um palco em direção ao público. O movimento ganhou fama dentro da cena hardcore punk em Nova York na década de 80.
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Não Conte aos Paparazzi (concluída)
RomanceModelos, atrizes famosas, ou ambas numa mesma noite: Brian Carter não se importa com sua má fama de mulherengo e tampouco estava disposto a abrir mão da liberdade quando conheceu Stela Reis. Achando se tratar de mais uma fã que cairia fácil no seu c...