Capítulo 12

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CAPÍTULO 12

Bel Air é um dos bairros mais caros e exclusivos de Los Angeles: um composto de ruas sinuosas entre colinas com construções que variam desde casas campestres até mansões de valores astronômicos. O tipo de lugar em que o jornal é entregue bem enrolado dentro de um saco plástico (ainda que o céu azul não traga previsões de chuva) e cujos moradores acordam sempre de bom humor às segundas-feiras. É como viver numa versão terrena do Olimpo.

— Aquela ali é da Salma Hayek. — Diego Hernandez, o motorista, apontou para uma casa em estilo gregoriano com incalculáveis janelinhas reluzentes.

— Uau. Luxuosa. — Stela respondeu e perguntou-se com que frequência todos aqueles quartos realmente eram ocupados.

— Mas a senhorita vai para uma ainda mais bela. — O motorista encarou a garota pelo espelho retrovisor. Stela viu apenas as sobrancelhas negras erguerem-se sobre os olhos castanhos. Belos traços latinos. — É a primeira vez que vejo o senhor Carter contratar um serviço de intérprete. Já o conhecia antes?

— Não. — Falou sem ficar vermelha, uma mentira que pareceu verídica. — Estou feliz pelo serviço, só espero que não seja um cantor excêntrico.

Diego riu.

— Ah, todos da Dark Paradise são. Mas não diga ao patrão que eu falei isso. — Ele deu uma piscadela para a garota.

— Não vou dizer. — Stela sorriu em cumplicidade.

Naquele ponto, as casas ficavam escondidas por trás de árvores centenárias encarregadas de criar um ambiente privado para moradores mais exigentes. A recompensa por morar em um local tão alto era uma vista de tirar o fôlego das esplêndidas montanhas de Santa Monica.

A garota ainda estava acostumando-se à opulência a sua volta quando o carro parou. Fora o muro envolto por trepadeiras, a única coisa visível era o portão: uma verdadeira antiguidade com ares da Belle Époque que se abriu com o clique do controle remoto. Diego reduziu a velocidade, adentrando no terreno arborizado onde pequenas margaridas pareciam ter sido borrifadas na grama aparada. O barulho do motor fez com que pássaros voassem assustados, como se a presença humana fosse algo esporádico ali. Então o coração de Stela disparou quando ela avistou a casa.

Suntuosos álamos contornavam a fachada formada por pedras enfileiradas. Um serviço de tamanha perfeição que sugeria que seus responsáveis demoraram um século para executá-lo. Tudo ali parecia ter saído direto de um conto de fadas e não se assemelhava a nenhum dos devaneios dela sobre o lugar: era mais a residência de um rei do que a de um astro do rock.

O motorista desceu do carro para ajudá-la. Stela ainda parada, queixo caído, digerindo tudo aquilo.

— É demais, não? — Diego mais afirmou do que perguntou.

— O que? — Stela piscou, saindo do transe.

— A casa. — O rapaz sorriu, então retirou a mala da garota do porta-malas. Levava o suficiente para os quatro dias. — É ou não a mais linda que você já viu?

— É perfeito. Eu nunca vi nada igual.

Um toque de campainha que deve ter ressoado melodioso por um sem número de cômodos precedeu o som da porta se abrindo. Stela segurou o ar quando o viu. Brian usava uma camisa que nada tinha de especial além do fato de acentuar tão bem as partes do corpo dele e inspirar a garota de mil formas diferentes. Por qual motivo mesmo um vocalista necessitava de tantos músculos se apenas suas cordas vocais precisavam ser espetaculares?

— Senhorita Reis, prazer, sou Brian Carter. — Rosto sério, sorriso comportado. Apertou a mão dela de maneira tão convincente em fingir que aquele primeiro encontro era genuíno que Stela imaginou se contracenar não seria mais um de seus dons. — Espero que tenha feito boa viagem.

Não Conte aos Paparazzi (concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora