Capítulo 28

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 CAPÍTULO 28

Charles quem dirigiu, e duas horas depois, alguns limites de velocidade excedidos e presos num engarrafamento sem fim nas proximidades de onde iria ocorrer o show da Dark Paradise, escutaram as notas da guitarra de Elijah misturando-se ao clamor da plateia: a banda acabava de iniciar o show.

Íris estalou um beijo na bochecha de Stela antes que a filha saltasse do carro acompanhada de Otávio e Josi. Pais não precisavam fazer parte dos encontros amorosos dos filhos. Aliás, não deveriam. Principalmente quando isso envolvia hard rock e um ginásio abarrotado de jovens. Não era bom para a labirintite da senhora Reis. Ela e o esposo torceriam confortavelmente do apartamento da garota. (E a pedido de Stela, aproveitariam para conversar com a síndica sobre o tal estrago feito no jardim por dois homens exaltados).

Luzes do ginásio refletiam contra nuvens carregadas. A chuva havia escolhido a pior das horas para dar as caras e São Pedro não parecia disposto a dar trégua. Mas o tempo era só um coadjuvante, sua falta de colaboração não impedia a atuação das principais estrelas da noite que arrancavam gritos eufóricos do público. Stela pisou numa poça d'água, mas abstraiu. Não deixaria que um tênis encharcado a tirasse do sério agora que estava tão absurdamente feliz.

Na entrada principal, fãs retardatários protestavam pela fila demorada. Um sacrilégio perder a música "Your Toxic Love", single do último disco. Era melhor que a bilheteria andasse mais rápido ou então seria preciso conter um motim.

— Ele deve ter deixado seu nome autorizado em algum lugar, certo? — Otávio disse, foi mais uma pergunta retórica.

— Assim espero. Vamos procurar alguém da equipe técnica, tipo... aquele carinha ali. — Stela disse e foi na direção do homem parrudo que carregava uma credencial no pescoço. Esperou que ele deixasse o walk-talk de lado, então sorriu na esperança de anular o semblante de poucos amigos do homem.

— Oi. Você trabalha para a equipe técnica do Rock in Rio?

Ele encarou com um ar prepotente antes de dizer:

— Sou o chefe da equipe. Por quê?

Que doce.

— Porque ela — Josi entrou na frente da amiga, e grande trunfo da noite — é a garota da declaração que o Brian, vocalista da Dark Paradise, fez agora a pouco.

Stela sorriu meio sem graça. Não combinava muito com sua pessoa este tipo de introdução. Mas parece ter funcionado. Já que o homem arregalou os olhos surpreso.

— Uau! — Ele exclamou. — Acho então que devo colocá-los na parte VIP!

Eles deixaram de encarar o encarregado da equipe técnica e se entreolharam em êxtase.

— Pode apostar que sim!— Josi respondeu extasiada. Otávio acenou entusiasmado e Stela fez um agradecimento mental por não ter que se utilizar do discurso preparado no carro. Até que o homem continuou:

— E também chamar um massagista, servir um cafezinho... — O desmancha-prazeres revirou os olhos, deboche a cada palavra. — Sabe quantas garotas já me abordaram hoje com essa mesma história?

O sorriso dos três diminuiu gradativamente.

— Mas é ela! — Josiane gesticulou aflita. — Pode ver a identidade, ela se chama Stela!

— Claro que se chama, assim como outras vinte antes dela.

— Stela Reis? — A dona do nome perguntou incrédula. Alguém deveria baixar uma lei referente à exclusividade de denominação. Ou demitir aquele idiota.

Não Conte aos Paparazzi (concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora