Capítulo 10

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CAPÍTULO 10

O lado ruim daquela manhã: as cavidades do estômago ardiam como se tivessem sido preenchidas com cimento e a dor de cabeça era infernal. Quanto ao gosto metálico na boca, Stela ainda estava decidindo se merecia ser classificado como tolerável ou algo realmente desagradável.

O lado bom: o rosto de Carter ser a primeira coisa que os olhos dela encontraram. Linhas suaves revestiam as feições do rapaz ainda ocupado com belos sonhos. Stela poderia passar horas apenas olhando para ele e...

Ai meu Deus!

Ela quase se desequilibrou. O corpo ainda precisava de tempo para se estabilizar, mas Stela não tinha minuto algum para conceder. Correu até o banheiro. Brian só acordou depois, com o barulho da torneira da pia sendo ligada. A garota usava a escova dental com uma energia desnecessária caso quisesse manter todos os dentes na boca.

— Bom dia... — Carter falou em meio a um bocejo. — Tá melhor?

— Droga! Já são quase nove horas. Droga! Droga! Droga! — Stela disse depois de cuspir o antisséptico bucal. — Ah, bom dia! Da ressaca, melhorei, mas agora acho que terei uma parada cardíaca.

— Que horas você tem que estar lá?

— Que horas eu tinha que estar lá. — Ela corrigiu. — Começava às oito. Eu não acredito que perdi a hora! Viu meus sapatos?

Carter apontou para os scarpins atrás da poltrona. A garota os pegou e teve certeza de que aquela mancha bem na ponta era resquício da sua bile.

— Ah... ótimo.

— Arrume sua mala. — Brian sentou-se na beirada da cama. Não demorou mais do que três minutos para se vestir. —Vou pagar a conta para ir adiantando.

— O quê? Não, não. Você não vai pagar a conta, Brian. — Contestou enquanto tentava acertar o fecho do brinco. — Apenas peça o táxi para mim, por favor.

Ele a encarou.

— Eu não vou pedir um táxi. Vou te deixar lá.

Stela parou, segurando o pé direito do sapato no ar, a expressão atônita. Preciosos segundos perdidos a fim de explicar ao homem o que lhe custaria aquele gesto de gentileza:

— É em Bolder, Brian. Fica a quarenta minutos daqui.

— Consigo reduzir este tempo pela metade se o motor do carro ajudar.

— Brian, não precisa...

— Fazer isso, eu sei. Mas não tenho compromisso algum hoje, então pare de ser orgulhosa e deixe-me assumir parcela de responsabilidade pela noite passada. Ah. E tome os analgésicos. Estão em cima da mesa.

Ela não relutou mais. No fundo, estava adorando aquilo.

— Tá... eu termino em menos de dez minutos.

*

Nenhuma nuvem maculava o céu daquela manhã. O sol já despontava bem alto: um lembrete de que Stela estava absurdamente atrasada. E se não estivesse tão nervosa, teria prestado atenção à bela arquitetura da Universidade do Colorado quando Brian entrou derrapando o carro. Cinco jovens próximos a uma mureta de tijolinhos olharam todos de uma vez quando ele freou.

Carter girou a chave na ignição e o motor cansado protestou logo depois. Stela virou-se para o rapaz, lançando-lhe o maior de todos os olhares de gratidão.

— Muito obrigada.

— Não foi nada.

Ela empertigou o terninho, buscando aprovação.

Não Conte aos Paparazzi (concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora