Capítulo 7

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CAPÍTULO 7

Vinte e sete mil pessoas aglomeraram-se na KeyArena aquela noite. Jovens vestidos de preto dos pés a cabeça e garotas de batom vinho nos lábios. O nome "Dark Paradise" era repetido em perfeita sincronia, como um grito de guerra, e o coração de Stela vibrava na mesma sequência das ondas sonoras que repercutiam pelo estádio lotado.

Ela sabia precisar os números porque Rose Willians, a deslumbrante âncora da rede televisiva local, estava impecável num tailleur azul repassando todas as informações. A repórter ignorava os gritos eufóricos que a presença da câmera causava nos fãs amontoados atrás de uma inócua linha de segurança e escolhia aleatoriamente seus entrevistados.

Na área VIP as coisas eram um pouco diferentes. A comida ruim e a bebida forte demais. Um tipo de bourbon que Brian teria adorado, mas que teria feito Stela perder o controle motor antes de encerrar o primeiro copo. Ela estava sentindo-se deslocada ao lado de garotas que usavam saltos incompatíveis com o conforto exigido para shows de rock e de homens que pareciam estar ali mais pelo benefício duplo do lugar: uísque e mulheres bonitas bêbadas. Todos tinham aquele bronzeado típico de pessoas ricas e dentes que doíam os olhos de tão brancos. Duvidou que algum deles gostasse de rock de verdade, e invejou as pessoas da pista que se divertiam sem preocupar-se em desmanchar penteados elaborados ou em utilizar o evento com o propósito de paquera.

O show estava com quarenta minutos de atraso. Apesar de ingleses, os meninos da Dark Paradise não tinham nenhum pouco da pontualidade britânica. E quando ela já estava achando toda aquela opulência chata demais, as luzes do complexo desvaneceram. Um som gutural escapou do público quando a iluminação restringiu-se aos fogos de artifício que reluziram no céu de Denver.

Era a forma sutil da Dark Paradise dizer que o show estava começando.

— Boa noite, Colorado!

A voz inequívoca de Brian Carter acordou um monstro adormecido na arena. Stela não conseguiu esboçar nenhuma reação. Estava petrificada. Depois de alguns segundos, voltou o queixo para o lugar.

Brian soube vestir-se a caráter. O cós da calça de couro era baixo o suficiente para fazer com que mulheres presentes esquecessem-se de que pagaram para ter um concerto de rock, e não devaneios eróticos. Os braços expostos do vocalista sugeriam que ele não se importava com a temperatura daquela noite, ou então o minúsculo colete de pelos o aquecia de forma satisfatória. Seus cabelos longos até os ombros funcionavam como o melhor dos acessórios emoldurando seu rosto bonito. O homem combinava muito bem com a fama e sabia disso. Dominic, Tommy e Elijah poderiam estar nus agora que Stela não iria notar.

— Estão prontos para o Rock and Roll?! — O vocalista exclamou e a resposta da plateia veio num tempestuoso sim. — Então hoje é noite de rock, Denver!!!

Guitarras e baterias uniram-se para iniciar Wild Way of Life, um dos últimos sucessos da banda e que previsivelmente ocupava o topo no ranking de mais tocadas. As pessoas pulavam no ritmo da batida, os instrumentos alcançavam notas perfeitas; a voz de Brian, tons inimagináveis. Cristo. Era inacreditável pensar que alguém pudesse ter sido agraciado aleatoriamente com um dom tão divino.

Em algum ponto do show, Carter convidou uma garota da pista para subir ao palco. A pobrezinha chorava compulsivamente enquanto mostrava para o ídolo as mãos trêmulas. Uma nova gritaria tomou conta das pessoas: alguns felizes pela menina, outros frustrados por não partilharem da mesma sorte.

— Ei, não chore. — Carter pediu e a fã soluçou ainda mais alto, lágrimas borrando-lhe a máscara de cílios. Ele aninhou a garota franzina num abraço. — Qual seu nome?

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