Capítulo 27

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  CAPÍTULO 27

POUCOS MESES DEPOIS

Cristiano ficou encarando. Afinal, o homem parado na porta do prédio não se tratava de um tipo comum. E não eram apenas as tatuagens, os braços tomados por elas, que faziam dele diferente, mas também as roupas, a postura, o cabelo amarrado em um rabo de cavalo curto...

O cara mais parecia um astro do rock.

E, curiosamente, estava apertando o interfone da sua ex-namorada.

Cris não tinha mais nenhum direito de intrometer na vida de Stela. O fato de ela ter deixado as chaves com o porteiro para que ele próprio pudesse retirar suas coisas confirmava que a garota não fazia questão alguma de encontrá-lo. Mas o rapaz não conseguia fazer conexões básicas naquele momento: seu orgulho ferido estava no comando. Colocou a caixa de papelão de lado e arregaçou as mangas. Dupla utilidade de bíceps bem trabalhados: atrair garotas, mas também intimidar.

Então empurrou a porta de vidro e perguntou sem questão de soar cordial:

— Está procurando quem? — Quando notou que o visitante era estrangeiro repetiu em bom inglês, claro. Publicitários tinham que dominar a língua da terra da rainha se quisessem garantir bons salários.

Brian encarou o homem com cara de quem não quer dividir o lanche e devolveu tão ríspido quanto:

— Uma amiga.

— Hum. Posso saber o que quer com ela?

O músico apertou os olhos, não tinha bem certeza, porque Stela havia excluído das suas redes sociais todas as fotos sugestivas de que ela havia levado o namoro à diante, mas o rosto daquele mauricinho arrogante não lhe era estranho.

— Por acaso você é...

— O namorado dela? Sim, sou. — Cris, o grande mentiroso da vez, elevou o queixo tentando ganhar alguns centímetros com o gesto. — E você quem é?

Brian contraiu a mandíbula, a circulação do rosto parando em algum momento. Merda. Ok. Dentre todas as possibilidades, deveria ter cogitado dar de cara com o atual de Stela quando chegasse ali e não apenas criado finais românticos à la Nicholas Sparks. (Havia chorado em Diário de Uma Paixão, apesar de que nem se ameaçado de morte, admitiria isso para alguém). Já até podia antever Ingrid dizendo-lhe quando voltasse ao hotel: "Eu avisei! Ninguém chega assim de surpresa na casa de outra pessoa!".

Não iria contar para ela.

Mordeu o interior da boca antes de responder:

— Sou um conhecido da Stela, me chamo Brian.

E Cris engoliu em seco a informação.

— Brian? — Ele piscou, fazendo a devida associação. Lembrou-se do serviço de publicidade feito nos últimos meses para um dos shows que ocorreria aquele fim de semana no Rock in Rio. Horas extras depois do expediente, uma loucura. — Peraí. Brian... Carter? Vocalista da Dark Paradise?

— Sim. — Como se ter a profissão mais cobiçada do mundo não fosse o suficiente, Brian achou por bem acrescentar. —E também ex da sua garota.

A atualização de currículo veio acompanhada de um sorriso cruel.

Brian Carter e ex de Stela. Ambas informações recaíram sobre Cris como um peso de algumas toneladas. O homem que fazia garotas arrancarem os cabelos e recebia no palco calcinhas suficientes para abrir o próprio departamento de roupas íntimas, era o cara que o publicitário vinha tentando substituir.

Não Conte aos Paparazzi (concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora