CAPÍTULO 22
Brian Carter poderia andar de olhos vendados pelos corredores da Atlantic Records. Afinal, era ali que a Dark Paradise gravava desde os sucessos que se tornariam verdadeiros clássicos daqui alguns anos, como músicas que inevitavelmente figurariam no "lado B" dos seus discos.
Adorava o lugar. Mas sabia que aquela visita em particular, não seria nada agradável.
O frio no ambiente causado pelo excesso de climatizadores mantinha o cheiro enjoativo e característico: uma mistura de pastilhas mentoladas e nicotina — alguns músicos tendiam a fazer vista grossa para as proibições de "não fume" espalhadas pelos corredores. Brian passou pela recepção e ignorou os olhares assustados das secretárias. Em outras ocasiões, elas o teriam recebido com gracejos afetados. Quando Rebecca, a mais jovem das três, fez um sinal de que pegaria o telefone, Brian parou e a encarou através dos Ray-Bans escuros.
—Não precisa avisar que estou aqui. — O homem falou calmo, mas intimidador. — Quero fazer uma surpresa. — Deu um sorriso brilhante e a garota soltou o telefone. O voltou para o gancho meio que em câmera lenta, como se fosse uma bomba prestes a explodir.
Brian então passou pelo primeiro estúdio, onde uma cantora country fazia uma força sobre-humana para executar uma única nota. O vidro antirruído não permitia ao rapaz escutá-la, mas pela cara do agente, ela não devia estar se saindo muito bem. Os próximos quatro estúdios estavam vazios, sobrava apenas o maior deles: o que a Dark Paradise usava para suas gravações.
Não esmurrou a porta de metal (apesar de ter desejado muito fazê-lo). Respirou fundo e apertou o sinal luminoso que substituía uma campainha - essencial para que o local cumprisse a finalidade de não incomodar os músicos enquanto gravavam.
Irônico.
Pois Brian Carter estava prestes a se tornar um incômodo.
Dominic Wilde quem abriu. A cara de descontentamento foi substituída por um ar embasbacado quando ficou cara a cara com o intruso.
— E aí, Dom. Beleza?
— Ah. Brian. Merda.
Dominc tentou fechar a porta em reflexo. Brian foi rápido o suficiente para impedir. Os dois homens faziam páreo no quesito força física. Coloque-os em uma arena e provavelmente haverá um empate. Entretanto, ira costuma ser um ótimo combustível e essa fervilhava nas veias de Carter. A porta chocou-se contra o rosto de Wilde quando Brian forçou a entrada.
E tínhamos nosso vencedor.
Toda agitação atraiu a curiosidade das outras pessoas ali dentro. Jeremy Hunter, o candidato em análise que tentava impressionar com seus agudos altíssimos, parou de cantar e ficou encarando todo sem graça o visitante inesperado.
Mas foi Elijah Nash quem correu os dedos pelos cabelos loiros e bufou antes de dizer:
— Carter. Como você...
— Como descobri que estavam tramando me substituir pelo merdinha ali? É essa frase que está procurando, Nash? — Brian disse e fechou os dedos até que as juntas ficassem brancas.
Jeremy, o "merdinha" em questão, até pensou em se defender, depois achou melhor deixá-los resolverem entre si. Nem tinha entrado para a banda e já podia atestar ser verdadeiro tudo que ouvira sobre a Dark Paradise e confusões. Quanto à desunião, concluiu semanas antes, quando Nash o convidou para fazer um teste para substituir Brian Carter e se tornar o novo vocal da banda. (O que pelo visto, não foi de conhecimento do maior interessado). Perfeito. Se não estivesse no quinto andar, talvez Jerry Hunter cogitasse fazer uma saída emergencial pela janela.
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Não Conte aos Paparazzi (concluída)
RomanceModelos, atrizes famosas, ou ambas numa mesma noite: Brian Carter não se importa com sua má fama de mulherengo e tampouco estava disposto a abrir mão da liberdade quando conheceu Stela Reis. Achando se tratar de mais uma fã que cairia fácil no seu c...