Capítulo 26

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– Finalmente nos encontramos. – foi a primeira frase que eu disse, ao parar em frente a turma do segundo ano.

– Não achei que gostasse tanto da nossa turma, professor Mellark. – Marvel comentou como piada.

– Na verdade, eu realmente nunca tive preferência por nenhuma sala. – cruzei os braços. – E para o azar de vocês, essa turma não chega nem perto disso. – estreitei os olhos, deixando-os passear por cada rosto curioso que me encarava. – Eu soube de algo que um de vocês fez ontem, durante a aula de literatura, e confesso que estou muito a fim de saber o autor.

– O que? – Cato perguntou, cruzando os braços também.

– Algo relacionado a uma frase dita a professora Everdeen, que havia acabado de voltar de licença pela morte do pai. – respondi, encarando-o. – Sabe sobre alguma coisa relacionada a isso, Ludwig? – questionei.

– Não. – ele franziu as sobrancelhas. – Por que eu saberia?

– Porque tenho certeza que a turma toda ouviu, e notou quando ela não retornou pra sala de aula. – soltei, tentando conter a raiva. – Então, quero que me digam quem foi. – descruzei os braços, e os coloquei pra trás, segurando meu pulso esquerdo com a mão direita. – Ou que o culpado se revele.

Todos permaneceram em silêncio, com os olhos atentos em mim.

Inspirei devagar, e fechei os olhos. Minha cabeça estava martelando.

Apesar de ter conseguido tranquilizar a agitação de Katniss, na noite passada, com filme e uma longa conversa sobre assuntos banais, eu me sentia péssimo. Ouvi-la dizer a frase maldosa que um deles havia usado com ela, simplesmente me revoltou. Eu sentia como se eu fosse explodir a qualquer momento. Minha mente vivia trazendo à tona a imagem de seus olhos brilhando com lágrimas, sua voz falha, e seu sorriso triste. Era exatamente isso que me deixava quase fora de controle.

– Alguém vai me dizer? – questionei, entre dentes, ainda de olhos fechados.

Silêncio.

Abri os olhos para voltar a encara-los.

– Detenção para a turma toda. – soltei a frase, e logo comecei a ouvir os murmúrios. – O resto da semana! – conclui em voz alta, fazendo-os se calarem.

– Isso não é justo. – Clove reclamou. – Eu não tenho nada a ver com essa palhaçada. Eu até gosto da professora Everdeen. – ela cruzou os braços.

– Se gosta dela, então me diga quem foi o idiota. – a desafiei, estreitando os olhos.

– Não vou entregar ninguém. – ela ergueu a sobrancelha direita.

– Então nos vemos depois da aula. – dei um meio sorriso. – Alguém tem mais algo a dizer? – perguntei, passeando meus olhos pelos alunos. – Ótimo. – disse antes que um deles tivesse tempo de responder. – Espero que vocês tenham se preparado para as duas longas, e maravilhosas, aulas que teremos hoje. – meu sorriso se alargou. – Vamos fazer algumas séries de exercícios.

As reclamações voltaram em um tom mais alto, o que me fez soltar os braços ao lado do corpo, para logo em seguida alcançar meu apito, assoprando ele com força exagerada.

– Não me façam aumentar os dias de detenção. – ameacei, e o silêncio voltou a reinar. – Quero todo mundo correndo ao redor do campo. – a turma continuou a me encarar. – Agora! – gritei, voltando a assoprar o apito.

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– O Finnick me mandou mensagem. Disse que vai comprar uma barraca maior para ele e Annie dormirem juntos. Então ele me ofereceu a dele. – Katniss falou, enquanto eu mexia distraidamente em meu almoço com o garfo. – Peeta. – ela chamou. Eu ergui os olhos devagar, dando de cara com a confusão estampada em seu rosto. – Você está bem? – questionou.

O Sol em meio à tempestadeOnde histórias criam vida. Descubra agora