Capítulo 72

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Eu estava completamente fora de mim, mas diferente do que Katniss achava, não era com ela que eu gostaria de brigar.

Na verdade, em meio a raiva que eu sentia de Johanna, e suas jogadas inescrupulosas, eu me sentia comovido e orgulhoso, por todo o sacrifício que Katniss vinha fazendo por mim, mesmo que não fosse só por minha causa que ela estivesse negociando com o diabo.

Saber que a minha pequena estava fazendo tudo aquilo, também para me ter completamente pra ela, havia sido uma das poucas coisas que eu gostei de ouvir, de toda aquela conversa com Annie.

Antes que eu seja julgado, por ouvir atrás da porta, devo ressaltar que eu fui, inocentemente, saber se estava tudo bem, e acabei encontrando a porta meio aberta. Então, acabei ouvindo Katniss contar sobre como ela quis bater em Mason. Depois daquilo, meus pés, simplesmente grudaram no chão, a ponto de não conseguir me mover, por longos minutos, enquanto ouvia quase todo o seu relato.

Apertei o volante do carro, sentindo meus dentes rangerem, ao travar o maxilar.

O fato é que eu nunca devia ter deixado Katniss a frente disso. Eu conhecia muito bem a pessoa sem limites que Johanna era, e eu me sentia culpado por toda aquela confusão que Katniss vinha passando, só para conseguir uma fortuna, para a pessoa que, no fundo eu sabia, não tinha a menor intenção de pagar qualquer dívida, e sim, gastar todo o dinheiro, em qualquer merda que a satisfizesse.

Meu celular tocava constantemente no console do carro, e eu não precisava olhar, para saber que o nome "pequena" aparecia na tela.

Eu não tinha intenção de deixa-la preocupada, mas eu sabia que se nos falássemos, eu acabaria cedendo, e voltaria pra casa, sem fazer o que eu realmente precisava fazer, por isso, reduzi a velocidade, e enviei uma rápida mensagem de texto para Katniss.

Não se preocupe, está tudo bem

Só preciso fazer isso[06:52 PM]

E depois disso, deixei meu celular no mudo, e o joguei de volta no console, voltando a dar total atenção a rua, em que eu havia entrado.

Se tinha alguém que poderia saber alguma coisa sobre o paradeiro de Johanna, eram seus pais, que eu não via desde que ela sumiu de Detroit, me deixando cheio de dívidas, e com um divórcio não resolvido. E apesar deles não terem me ajudado em nada na época, coisa que eu sabia que era para proteger a filha, eu não tinha outra escolha, a não ser tentar bater na porta da pequena casa, que parecia querer cair a qualquer momento.

Precisei bater, ao menos, três vezes, antes de ouvir uma voz feminina resmungar do lado de dentro:

- Quem é?

A voz estava abafada, pelo fato da porta ainda estar fechada, mas eu a conhecia bem.

- Peeta - foi a única coisa que consegui soltar, sem rosnar.

As dobradiças rangeram, quando a porta se abriu minimamente, e foi tudo o que eu precisei para empurrar a madeira com força, ganhando espaço para entrar, enquanto Johanna quase caía pra trás.

- Que merda é essa?

- Você está sozinha? - questionei, encarando seu semblante confuso.

Sua expressão suavizou, e logo Johanna sorria.

- Achei que esse momento nunca chegaria... - ela soltou, batendo a porta, antes de iniciar uma caminhada lenta em minha direção.

Soltei uma risada sem humor, e balancei a cabeça, antes de voltar a ficar sério, e eu mesmo cortar a distância entre nós dois, para segurar seus braços, e empurra-la contra a parede mais próxima.

O Sol em meio à tempestadeOnde histórias criam vida. Descubra agora