Capítulo 59

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Peeta

– Você é um idiota – Katniss soltou de supetão, me fazendo arquear as sobrancelhas.

Alguma coisa eu devia ter feito para fazê-la chegar ao seu limite. Katniss não viria até a porta da minha casa, para me insultar gratuitamente. Ou viria? Será que ela tinha guardado essa frase a semana toda?

– Hum... Obrigado? – falei, em dúvida, de cenho franzido.

Ela mordeu o lábio inferior, e suas bochechas coraram.

– Você está agradecendo por ser chamado de idiota? – indagou, confusa.

– Até que você me diga o que eu fiz, irei considerar como elogio – respondi, coçando a nuca. – E então? O que eu fiz? – questionei, cruzando os braços.

Suas sobrancelhas arquearam em surpresa, e sua mão direita agarrou com força, as alças da bolsa em seu ombro. Sua face avermelhava mais, e o ar escapava por sua boca, que estava entre aberta. Os olhos cinzentos de Katniss começaram a se agitar, enquanto ela fitava meu rosto, completamente calada.

– Katniss. Se eu disse alguma coisa que te deixou realmente chateada, eu sinto muito – disse suavemente, descruzando os braços, para esfregar as mãos na calça jeans. – Apenas me diga o que te deixou aborrecida, e eu prometo que não falarei mais, tudo bem?

Seus olhos se encheram com lágrimas, fazendo meu coração se apertar no peito. O que raios eu tinha feito?

– Pequena. Me diga porque eu sou um idiota, por favor – implorei, dando um passo em sua direção.

– V-Você não é um idiota – sussurrou Katniss, voltando sua face para o chão, enquanto dava meio passo pra trás, levemente cambaleante.

Entortei a cabeça para a esquerda, e fui inclinando meu tronco, em uma tentativa de enxergar seu rosto. Katniss derramava algumas lágrimas silenciosas, mesmo de olhos fechados.

– O que está acontecendo? – perguntei em voz baixa, apreensivo com seu estado emocional.

Da última vez que Katniss chorou em minha presença, ela desmaiou em meus braços, e foi parar no hospital. Sinceramente, eu não gostaria que acontecesse novamente.

– Não me faça te abraçar sem seu consentimento – soltei, em uma tentativa de brincadeira, mas eu estava tão preocupado, que eu pude sentir a tensão em minha voz.

Katniss ergueu a cabeça, e me fitou com seus olhos vermelhos e chorosos. Arrumei minha postura, enquanto ela piscava algumas vezes, como se estivesse tentando se livrar das lágrimas.

Era nítido, na forma que Katniss me encarava, que ela estava tentando decidir alguma coisa, por isso, eu continuei a olha-la, em silêncio.

– A frase "você é um idiota", não significa o que você acha que significa – disse por fim, me fazendo franzir as sobrancelhas. – Significa que... – hesitou Katniss, mordendo o lábio inferior, e balançando a cabeça. – E-Eu não c-consigo dizer – gaguejou, fechando os olhos.

– Você está assim por minha causa? – questionei.

– Eu estou assim, porque... Eu sou muito teimosa, e não quero aceitar que preciso de você – sussurrou, voltando a abaixar a cabeça, enquanto passava as mãos por suas bochechas, tentando seca-las.

Arqueei as sobrancelhas, e continuei a encara-la, surpreso demais, para conseguir dizer alguma coisa.

Katniss estava deixando claro que precisava de mim. E agora? O que eu devia fazer? Beija-la? Abraça-la? Continuar parado, feito um retardado, assistindo-a chorar?

O Sol em meio à tempestadeOnde histórias criam vida. Descubra agora