Capítulo 31

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– E como estão as coisas no colégio? – Madge perguntou olhando em minha direção.

Havíamos acabado de assistir ao filme que eu e Peeta havíamos deixado que ela escolhesse. Antes que Mad fizesse menção de ir embora, decidi perguntar sobre sua faculdade, prendendo-a em uma conversa para distraí-la, o que a levou a questionar sobre meu trabalho.

– Complicadas. – dei um pequeno sorriso, suspirando em seguida. – Peeta até tentou dar um jeito nos alunos do segundo ano, mas... – encolhi os ombros, deixando a frase no ar.

– O que você fez? – Madge perguntou a ele, que estava sentado sozinho na poltrona.

– Detenção. – Peeta respondeu. – Mas só serviu para deixá-los piores. – ele disse sem graça.

Peeta vinha se culpando por isso, e eu não conseguia convencê-lo do contrário, mesmo que eu tivesse dito que já começava a aceitar o fato de ser uma péssima professora. Minha declaração só serviu para fazê-lo se sentir mais culpado, então acabei desistindo de tocar no assunto.

– Eles ao menos respeitam você? – questionou, olhando pra mim.

– Não. – ri sem graça. – Acho que todos eles ainda me veem como uma adolescente. É frustrante.

Madge me analisou minuciosamente, antes de voltar a falar.

– Você ainda tem dado aulas pra ela? – perguntou ao Peeta, que estava atento a nós duas.

– Não diria aulas. Eu tenho a aconselhado. – respondeu, curvando seu corpo levemente pra frente. – Katniss já mudou muito em algumas áreas, mesmo não sendo relacionadas a profissão. – Peeta disse, e eu acabei corando, pelo simples fato de estarem falando de mim. – Acho que ela precisa de algo que a encoraje a direcionar essa mudança para a sala de aula.

– Eu notei a mudança de comportamento. – Madge voltou a me olhar, dando um sorrisinho. – Tiveram alguma ideia?

– Nenhuma. – ele quem voltou a responder.

– Eu sou uma negação, Mad. – falei com desanimo. – Talvez não seja realmente minha vocação. – comentei sem encarar meu namorado.

Ela negou com a cabeça.

– Você nasceu pra ensinar. – disse com convicção. – As circunstancias que te pressionaram a ser tão tímida e fechada. – Madge franziu o cenho, como se pensasse em algo. – Está aberta a sugestões sobre o assunto?

– Sou toda ouvidos. – respondi, ficando mais atenta a ela.

– Eu cheguei a propor a ideia no seu primeiro dia de aula. Não sei se você lembra. – Mad comentou.

Franzi as sobrancelhas, tentando me lembrar.

– Não faço ideia. – disse segundos depois. – O que é? – questionei curiosa.

Madge olhou para Peeta, e voltou a me olhar.

– Nada contra suas roupas. Acho até que são fofas. – falou com certa apreensão. – Mas elas te fazem parecer uma garotinha, Katniss. – Madge explicou. – Infelizmente a aparência pode mudar muito o conceito dos outros sobre a gente. Enquanto você usar essas roupas que apenas demonstram sua inocência e timidez, será difícil ter o respeito desses adolescentes.

Estreitei os olhos.

– Você está louca pra fazer compras, não é? – indaguei, vendo seu sorriso aparecer.

– Sim. – confessou. – Mas também quero te ajudar. Talvez usar algo mais sério, ajude, não apenas a mudar a impressão que seus alunos tem de você, mas pode ser que te dê mais confiança.

O Sol em meio à tempestadeOnde histórias criam vida. Descubra agora