Capítulo 71

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Aquela manhã de sábado, havia sido mais conturbada do que eu deixei transparecer, enquanto almoçávamos o macarrão delicioso que Peeta havia feito.

Ele, apesar de parecer um pouco desconfiado - talvez com a história de eu dizer que seria a penúltima vez que eu faria algo sem consulta-lo -, estava todo sorrisos, e eu não podia deixar que meus pensamentos agitados, estragassem aquele momento tão lindo, que era só de vê-lo tão alegre, falando sobre como poderíamos arrumar a casa dele, para ficar com cara de nossa, e como poderíamos redecorar o quarto de hóspedes para o bebê.

Eu o ouvia, e sentia o meu coração se aquecer com os seus planos para o nosso futuro, mas ao mesmo tempo, eu sentia aquele mesmo coração, batendo dolorido no peito, só por ter tomado uma das decisões mais difíceis da minha vida.

O latido fino de Thor, e a gargalhada de Peeta me fizeram sair da pequena bolha de pensamentos que eu havia me enfiado nos últimos minutos.

Me movi na rede, que estava completamente parada há um bom tempo, e acabei sentando, apenas para tentar enxergar o que estava acontecendo. Peeta estava deitado na grama bem aparada do quintal, rindo, com Thor latindo em cima dele, tentando morder seu nariz.

Sorri com a cena, mas permaneci em silêncio, apenas observando o quão feliz Peeta aparentava estar desde que a minha mudança para a sua casa, se concretizou.

Suspirei baixinho, e pouco tempo depois, voltei a deitar.

A minha decisão difícil, não estava exatamente relacionada a minha mudança.

Na verdade, naquele mesmo sábado, já depois do almoço, quando Peeta, com seus olhos brilhantes, e sorriso torto, questionou se poderíamos começar a procurar por caixas de papelão, para guardar as minhas coisas, aquela pequena dor no peito, se dissipou, e eu acabei me sentindo eufórica com a ideia.

Foi uma loucura, devo ressaltar, mas até a noite do dia seguinte, já havíamos empacotado tudo, e fomos obrigados a ir pra casa dele, em busca de comida, e o conforto de sua cama, para simplesmente apagarmos, enroscados um no outro.

Na segunda-feira, eu me sentia dolorida, mesmo que Peeta tivesse me impedido de fazer a maioria das coisas, naquele fim de semana. Mas ainda assim, foi um dia corrido novamente, pois, enquanto meu namorado se preocupava com um pequeno caminhão de mudanças, em seu horário vago no colégio, eu marcava a minha primeira consulta ao obstetra, ligava para o pet shop, pedindo desculpas por não ter ido no sábado, garantindo que iria mais tarde, e precisei pedir a minha irmã que fosse se assegurar de que não queria nada dos móveis que eu não levaria comigo.

Isso tudo, enquanto aplicava provas semestrais em meus alunos, torcendo para que o Snow não brotasse no meio do corredor, que era pra onde eu acabava correndo para fazer tais coisas.

Depois que as meus pertences já estavam todos na casa de Peeta, na terça-feira, a semana passou voando, e entre momentos de arrumação, descontração, e as aulas, tinha o brilho intenso nos olhos azuis de Peeta, que fazia qualquer dúvida ou insegurança se dissipar, dentro de mim.

E esse brilho, tinha aumentado mais ainda, depois da minha primeira consulta com a obstetra, na sexta-feira, onde ouvimos pela primeira vez, o pequeno coração do nosso bebê.

A partir daquele momento, onde sua mão apertou a minha, e seus olhos, carregados de lágrimas, mal piscavam, encarando a tela de ultrassom, eu só conseguia enxergar um homem, que simplesmente parecia completo, e eu me sentia mais do que feliz, ao saber que grande parte daquela felicidade que emanava de Peeta, era culpa minha.

Já era sábado novamente, e, talvez, com um pouco mais de 90% da casa arrumada, a minha única vontade era de passar o dia todo deitada na rede, que meu namorado havia instalado naquela manhã, e deixar com que meu corpo finalmente relaxasse, depois de uma semana tão agitada.

O Sol em meio à tempestadeOnde histórias criam vida. Descubra agora