Capítulo 47

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Fazia algum tempo que eu estava deitada de lado e de costas para Peeta, observando a luz do sol entrar lentamente pela fresta da cortina.

Eu estava aquecida apenas pela camisa comprida do meu namorado, que foi a peça de roupa mais próxima da cama que eu havia encontrado, já que, sem nem perceber, Peeta havia roubado todo o lençol para si.

Com certeza, não era algo que eu poderia reclamar. Ele parecia cansado demais até mesmo para me abraçar durante o sono, e era por isso que eu havia o encontrado, assim que acordei, dormindo esparramado do lado dele da cama, de barriga para baixo, e com a boca levemente aberta.

Um sorriso surgiu em meus lábios, ao lembrar do motivo de seu cansaço. Eu sabia que eu estava corada por meus pensamentos, mas era inevitável não pensar em seu toque em minha pele nua, e na forma que Peeta havia me amado a poucas horas atrás.

Senti o colchão afundar atrás de mim, e no segundo seguinte, senti o corpo quente de Peeta encostar no meu. Seu braço passou por minha cintura, encontrando minha mão que estava sobre minha barriga, apenas para cobri-la com a dele. Seu peito colou em minhas costas, fazendo-me sentir sua respiração quente e ritmada em minha nuca, causando-me arrepios.

– Essa camisa é minha. – sua voz rouca soou provocativa em meu ouvido.

Afastei meus dedos uns dos outros, permitindo que os dedos de Peeta se entrelaçassem com os meus. Senti quando ele afastou meus cabelos com o nariz, e respirou devagar contra minha pele, causando-me mais arrepios.

Eu estava sorrindo, mas permaneci em silêncio.

– Katniss. – Peeta chamou com a voz baixa. Ele soltou minha mão, e se moveu atrás de mim, aparecendo em seguida, em minha visão periférica. – Você está bem? – perguntou, obrigando-me a virar o rosto para ficar cara a cara com ele.

– Que tipo de pergunta é essa? – perguntei de volta, ainda sorrindo.

– O tipo de pergunta que eu faço para saber sobre você. – Peeta respondeu dando um sorriso. – Mas não era exatamente essa pergunta que eu queria fazer. A pergunta correta é: Você está feliz?

Meu sorriso aumentou, enquanto eu me movia para ficar de barriga pra cima. A mão de Peeta escorregou, até alcançar o outro lado da minha cintura, enquanto seus olhos vasculhavam meu rosto, como se procurasse uma resposta em minha feição.

– Claro que sim, querido. – respondi, erguendo o braço direito, alcançando a parte de trás da cabeça de Peeta. – Graças a você, é a versão feliz de mim que tem estado no controle. – murmurei, fitando seus olhos.

Deixei meus dedos se enfiarem em seus fios de cabelo.

Ele sorriu, mas franziu a testa em seguida.

– Se é a versão feliz que tem estado no controle, quer dizer que temos uma versão triste escondida ai dentro? – Peeta questionou.

Dei um meio sorriso, soltando um suspiro logo depois.

– É que tem uma parte de mim que está confusa. – confessei. – A parte que não sabe o que fazer, e que entra em contrito com minha versão feliz.

Peeta, que estava apoiado no cotovelo, deixou seu corpo repousar de lado no colchão. Em seguida ele me puxou devagar, fazendo-me ficar de lado também, e consequentemente frente a frente com ele.

– Você sente falta da Annie, não é? – perguntou.

Ajeitei melhor minha cabeça no travesseiro, e espalmei a mão no bíceps de Peeta. Deslizei meu indicador devagar, até uma pequena cicatriz, que eu desconhecia o modo que ele havia ganhado, e passei a ponta da unha sobre ela cuidadosamente, notando sua pele se arrepiar. Abri um pequeno sorriso, enquanto subia a mão por seu bíceps novamente, planejando alcançar seu ombro. Meus olhos estavam atentos ao caminho que minha mão percorria, ao mesmo tempo em que meu cérebro tentava chegar a uma resposta para Peeta.

O Sol em meio à tempestadeOnde histórias criam vida. Descubra agora