Capítulo 56

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- Hey, baixinha - disse Peeta, ao entrar na minha frente, obrigando-me a parar de andar.

- Me chamou de quê? - questionei, irritada.

- De baixinha - ele deu um sorriso torto, e eu rolei os olhos. Peeta enfiou as mãos nos bolsos de sua calça. - Como você está?

- Viva - retruquei. - Agora, com licença - falei, passando por ele, e esbarrando em seu braço.

- Não vai perguntar como eu estou? - questionou, já alcançando meu lado direito.

- Já vi que está melhor. Não preciso perguntar - rebati secamente, apertando meus passos em direção ao prédio escolar.

- Você está com raiva de mim? - perguntou, despreocupadamente.

Raiva? Não exatamente. Chateada por ele ter ido embora antes que eu acordasse, no sábado. Por ele não ter aparecido no domingo. Por não ter nem, ao menos, ligado pra mim. Irritada por ele chegar com a cara mais lavada em plena manhã de segunda-feira, pra perguntar como eu estava, depois do sumiço do fim de semana, e ainda por cima, por me chamar de "baixinha". E, claro, eu estava enciumada.

Eu tinha passado a noite de sábado, e o dia de domingo inteiro, lembrando-me da cena dele com a professora de Álgebra. Teria Peeta, cuidado de seu rosto machucado, sozinho, ou havia precisado da ajuda de Cashmere?

Meu estômago se contorceu ao pensar na possibilidade.

- Katniss? - Peeta chamou minha atenção.

- Eu não pedi pra você me deixar em paz? - perguntei, parando de andar, e virando o rosto para olha-lo.

- Seu pedido não é mais válido, desde sexta-feira - ele deu um sorriso esperto. - E, convenhamos, que essa "sua paz", você só vai encontrar em meus braços, pequena - Peeta quase sussurrou o apelido, fazendo um arrepio subir pela minha espinha. - É só você dar o braço a torcer, e voltar pra mim, que eu te ajudo a ficar em paz com muitos beijos, e...

- Cala a boca - soltei nervosa, e constrangida, fazendo-o parar de falar. - Eu vou é usar o meu braço pra terminar o serviço do Gale, se você não parar de ser tão... Cara de pau.

Peeta riu, divertindo-se com minha ameaça.

- Eu adoraria assistir essas mãos pequenas tentando me machucar - provocou, umedecendo os lábios com a ponta da língua. - Quer começar agora, ou entre quatro paredes?

Meus movimentos foram tão rápidos, e tão impensados, que quando eu fui perceber, eu já estava estapeando os braços, os ombros, e até o peito de Peeta. Ele ria, enquanto se encolhia levemente com a minha tentativa de agressão.

Quando parei, eu estava levemente ofegante, e sentia o rosto fervendo. Peeta arrumou a postura, e sustentava um sorriso genuíno em seus lábios que, especialmente, pareciam chamativos naquele momento.

Constrangida com o pensamento, eu mexi em meus cabelos, e respirei fundo, tentando me recompor.

- Você nem vai perguntar sobre meus exames? - indaguei, tentando esconder meu tom magoado, enquanto voltava a andar.

- Eu já sei sobre os seus exames - respondeu ele, acompanhando-me.

Arqueei as sobrancelhas.

- Como? - questionei, assistindo-o empurrar a porta, para que eu entrasse.

- Tenho meus meios, pequena - respondeu Peeta, entrando logo depois de mim, escondendo novamente, as mãos nos bolsos da calça.

- Então você sabe que...?

O Sol em meio à tempestadeOnde histórias criam vida. Descubra agora