Capítulo 18

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– Eu vou entrar sim, e não vai ser você quem vai me impedir! – exclamei para Annabelle que havia me barrado antes que eu chegasse a porta do quarto de hospital que nosso pai estava. – Saia da minha frente. – dei um passo em sua direção, mas ela estendeu as mãos apoiando-as em meus ombros que estavam descobertos por culpa do vestido que eu ainda usava.

– Mantenha a calma, Katniss. – Annie falou baixo. – Ele está sedado há algum tempo. – ela ainda me mantinha parada por suas mãos.

– Solte ela, Annie. – a voz de Peeta me fez lembrar de sua presença, deixando-me levemente constrangida com meu estresse. – Não vai adiantar segura-la. Mesmo que Jared esteja dormindo, deixe-a entrar. – ele interviu, e pela primeira vez não me incomodei ao tê-lo tentando cuidar de mim.

Annabelle o encarou sobre meu ombro direito, e devagar, abaixou as mãos.

– Vá. – ela murmurou, saindo do caminho.

Passei com pressa por minha irmã, abrindo a porta, e entrando de supetão.

Meus olhos percorreram o quarto, procurando sobre as macas, e apenas depois de olhar três delas, que encontrei meu pai dormindo com uma feição tranquila.

Meu coração se contraiu, e uma dor em minha garganta subia devagar, anunciando que havia choro para sair, mas que eu não permitiria que acontecesse.

Respirei fundo, enquanto caminhava até sua maca. Estendi a mão direita, tocando sua bochecha levemente fria, com as pontas dos dedos.

– O senhor não pode me assustar assim. – murmurei, curvando-me minimamente em sua direção. – O senhor sabe que eu enlouqueceria se me deixasse. – falei mais baixo, como se contasse um segredo a alguém. – Eu preciso que fique bem, pai. – meus olhos começaram a lacrimejar, e eu precisei fechar os mesmos, para que as lágrimas não caíssem. – Eu preciso... – mordi o lábio inferior com força exagerada, voltando a encara-lo com a vista ligeiramente turva. – Por favor. – subi a mão, alcançando seus cabelos castanhos com uma ponta de ruivo, acariciando o topo de sua cabeça.

Voltei a fechar os olhos, enquanto eu tentava manter minha respiração uniforme.

– Você parece uma princesa. – sua voz fraca me fez abrir os olhos rapidamente para olha-lo. Meu pai tinha os olhos semiabertos, e um sorriso no canto de sua boca. – O que faz aqui vestida desse jeito, filha?

– Eu estava na festa de Halloween do colégio quando Annabelle me ligou. – expliquei afastando a mão de sua cabeça, para alcançar a mão dele que tinha uma agulha no dorso, enviando medicamentos ao seu corpo. – Como se sente?

– Além de sonolento, me sinto um pouco traído. – falou com a voz rouca, me fazendo franzir o cenho. – Eu disse para Annie não chamar você, enquanto você estivesse com Peeta.

Elevei a sobrancelha esquerda, soltando sua mão e arrumando minha postura.

– Como assim? – questionei baixo.

– Annabelle devia te avisar apenas quando você chegasse em casa e não me encontrasse lá. – explicou. – Não queria preocupar você, e muito menos te tirar da festa.

– Eu não acredito que estou ouvindo isso, pai. – resmunguei negando com a cabeça. – Tem sido praticamente eu e o senhor durante esses últimos três anos, como poderia pensar em me deixar saber dessa forma? – falei baixo levemente ofendida. – Nada é mais importante do que a sua saúde. Eu deixaria qualquer coisa de lado para vir até aqui.

Outro sorriso surgiu no canto de sua boca.

– Eu sei, anjinho. Venha cá. – ele pediu em voz baixa.

O Sol em meio à tempestadeOnde histórias criam vida. Descubra agora