Capítulo 65

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– Gale... A gente pode trocar de lugar? – Madge choramingou, apertando a minha mão.

– Eu gostaria que sim – respondi, suavemente, acariciando sua bochecha. – Mas como não podemos, você terá que ser forte, meu amor – dei um pequeno sorriso. – Consegue levantar? – perguntei, percebendo que o enfermeiro que nos acompanhou, estava pronto para ajudá-la.

Mad assentiu devagar, e eu mesmo a segurei, sentindo suas mãos pequenas agarrarem meus ombros, enquanto ela se colocava de pé.

As contrações estavam fortes, apesar de ainda serem pausadas, e a barriga enorme de Madge, atrapalhou bastante na nossa locomoção até o hospital. Sinceramente, faltou bem pouco para que eu entrasse em pânico. Se eu não havia o feito, era simplesmente por ela, que apesar de deixar claro o quanto estava complicado, sorria vez ou outra pra mim, mesmo que fosse um sorriso fraco.

Com toda a calma que eu conseguia ter naquele momento, eu a guiei até o banheiro do quarto, e a deixei com a enfermeira, que havia chegado há pouco, para ajudá-la a se trocar.

Me mantive parado ao lado da porta, ansioso, até que Madge saiu com aquela roupa de hospital no corpo, e com um sorrisinho nos lábios.

– Estou linda, não? – perguntou, segurando em meu braço, enquanto eu a guiava até a cama.

– Perfeita, como sempre – concordei, e ela riu baixo.

Dificultosamente, eu consegui coloca-la deitada, com todo o cuidado possível, cobrindo apenas suas pernas, no final, com os lençóis que haviam disponibilizado para ela.

– A doutora já está a caminho – a enfermeira avisou, antes de se retirar com o outro enfermeiro, que saiu empurrando a cadeira de rodas onde Madge havia sido carregada até ali.

– Eu não vou quebrar, Gale – Mad disse, e eu franzi o cenho. – Agradeço por ser tão cuidadoso, mas não há nada fora do comum acontecendo – ela voltou a dar um pequeno sorriso, tentando me confortar.

– É ruim te ver com dor – lamentei, tentando justificar meu cuidado excessivo.

– Isso aqui é só o começo – Madge me lembrou, e eu fiz uma careta. – Quando as dores piorarem, talvez eu comece a xingar você – ela sorriu, e eu balancei a cabeça.

– Até que está demorando – comentei, empurrando uma mecha de seus cabelos pra trás da orelha.

Madge voltou a sorrir, mas não disse nada. Apenas fechou os olhos, parecendo satisfeita com o leve acariciar dos meus dedos na lateral de sua cabeça.

– Boa noite – a voz da doutora nos tirou da pequena bolha que havíamos criado, obrigando-me a olhar em direção a entrada do quarto.

A mulher de branco, com um sorriso educado, e com um prancheta na mão, se aproximou da cama.

– Vamos ver como estão as coisas? – ela perguntou.

– Sim – Madge respondeu, e alcançou a minha mão, que estava repousada ao seu lado sobre o colchão. – Se importa de sair, amor? – perguntou, quando eu a olhei. – Ela vai ver a dilatação, e coisas do gênero. Não acho que vai ser confortável pra você.

– Mas... Eu pretendo assistir o parto... – falei, confuso.

– Na hora do parto, você estará distraído, enquanto eu te aperto – ela deu um sorrisinho.

Cocei a nuca, mas por fim, assenti com a cabeça.

– Tudo bem – respondi, abaixando para beijar sua testa. – Vou aproveitar pra buscar um café.

O Sol em meio à tempestadeOnde histórias criam vida. Descubra agora