Capítulo 41

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– E então? Quando vamos ler seus cartões? – Peeta perguntou, enquanto limpava as pontas dos dedos com um guardanapo de papel.

– Oi?

Ergui meus olhos, – que encaravam a mesa até então – para olha-lo.

Depois de ter tomado um banho suficientemente demorado, acabei sendo obrigada a voltar para a presença de Peeta.

Era óbvio que eu estava envergonhada em níveis extremos, e encarar meu namorado, não me parecia a melhor ideia naquele momento. Principalmente se ele decidisse comentar sobre o ocorrido vergonhoso de mais cedo.

Porém, para minha surpresa, Peeta não havia tocado no assunto, desde que sentamos para terminar nossa pizza. Na verdade, não havíamos conversado sobre nada, até ele falar sobre os cartões que eu havia recebido.

– Seus cartões. Quando vamos lê-los? – questionou novamente.

– Eu... Não sei? – disse na dúvida. – Por que quer ler aquilo?

Peeta se recostou na cadeira, e soltou o guardanapo amassado sobre a mesa.

– Quero cuidar do que é meu.

A resposta veio em sua voz levemente grave, que me fez arrepiar instantaneamente. Senti minhas bochechas ruborizarem, e precisei desviar meu olhar, que estava paralisado em seus olhos azuis, que me analisavam minuciosamente. Notei um sorriso torto surgir em sua boca, o que me deixou mais sem rumo.

Dei um meio sorriso, mesmo sabendo que era tímido, e respirei fundo, tentando acalmar meu coração, que batia forte contra meu peito.

Sem dizer nada, coloquei-me de pé, e lhe dei as costas. Vasculhei a sala com meus olhos, em busca da minha bolsa. Ao encontra-la sobre o sofá, caminhei até ela.

O tapete estava molhado, mas cheirava a produtos de limpeza. Não parecia manchado ou coisa parecida. Peeta havia se ocupado com isso, enquanto eu demorava no banheiro.

– Fique à vontade. – falei em voz baixa, depois de colocar os cartões sobre a mesa, e voltar a sentar na cadeira onde eu estava.

Seus olhos desceram para o pequeno pacote, e voltaram a me olhar.

– Isso não te incomoda? – questionou.

– O quê? – perguntei de volta, franzindo a testa.

– O fato de eu querer ler antes de você. – Peeta respondeu. – Não pareço controlador?

– Você nunca agiu assim, em nenhuma ocasião. Nem passou pela minha cabeça isso. – falei, alcançando meu copo de suco, que estava pela metade.

– Mas é meio invasivo da minha parte, não acha? – perguntou.

Voltei a unir minhas sobrancelhas, parando o copo no meio do caminho.

– Você está se sentindo bem? – indaguei, repousando o copo sobre a mesa.

Peeta deu um pequeno sorriso, e balançou a cabeça em afirmação.

– É que você odeia quando Annie faz isso com você. Sempre invadindo seu espaço, querendo saber de tudo o que acontece em sua vida. – ele respondeu. – Eu realmente queria ler esses cartões, mas assim que você levantou, isso me veio à cabeça. Além de eu parecer mandão, eu estaria tirando toda sua privacidade.

– Sinceramente, depois que você disse "quero cuidar do que é meu", meu cérebro parou de funcionar. – confessei abrindo um pequeno sorriso, sentindo as bochechas queimarem de vergonha. – Você não é a Annabelle, Peeta. Você pode cuidar de cada parte da minha vida. Eu não me importo.

O Sol em meio à tempestadeOnde histórias criam vida. Descubra agora