Prólogo

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PARTE UM

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Alex permanecia inquieto enquanto Cora checava a moça. Ela tira o estetoscópio e se vira para ele.

– Sinais vitais estão bons. – Ela diz, e o coração de Alex dispara. – Ela vai viver. E, melhor ainda, vai acordar.

Ele deixa escapar algumas lágrimas, mas as limpa rapidamente.

– Essa moça vai ter muitos milagres para contar. – Cora diz, e Alex se limita a assentir. – Alex, está tudo bem. Ela vai ficar bem.

– Tivemos sorte. – Ele diz. – Se isso tivesse acontecido antes, talvez...

– Não aconteceu.

– Mas ele tentou.

– Quem tentou? – Cora pergunta.

– Ora, quem! Meu pai, é claro. Ele... tentou fazer isso mesmo eu tendo dito que não queria.

– Como você sabe que foi ele?

– Celeste disse pra mim que tinha cancelado o processo. Só pode ter sido ele.

– Bem, não seria a primeira vez né? – Cora pergunta.

– Não, mas vai ser a última. – Alex diz. – Eu quero ele longe de mim, eu quero ele longe do...

– Alex... – Cora o interrompe. – Olha...

Ele segue o olhar dela, que estava fixo na garota.

– Ai meu Deus! – Alex diz e se aproxima. A garota tinha agora os olhos aberto, ela olhava perdida para o quarto. – Ela tem os olhos dele.

– São iguais. – Cora diz.

Alex segura a mão dela no momento em que percebe que seu olhar é de desespero.

– Você está bem. – Ele garante. – Você vai ficar bem.

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PARTE DOIS

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Heitor observava atentamente enquanto Catarina lia o livro preferido dele em voz alta, Alice no país das maravilhas, era a cópia que ele tinha dado a ela. Ele se perguntava se esse era um programa ruim para namorados, principalmente pelo fato de que o namoro deles havia começado há pouco tempo, mas era algo que ele gostava muito de fazer.

Catarina não era muito de conversar, ela geralmente só o observava ou ouvia enquanto ele falava. Heitor jamais insistiria, sabia que esse era o jeito dela, mas amava ouvir o som da sua voz. Ela estranhou muito a ideia no começo e ainda alegou que ele era um leitor melhor que ela, mas Heitor conseguiu convencê-la.

Catarina levantou os olhos no meio de um parágrafo e fez uma careta.

– Você não ia escrever umas cartas enquanto eu lia?

– Até ia, mas olhar pra você me pareceu mil vezes mais interessante. – Heitor responde, e Catarina suprime o sorriso.

– O trato era que eu lia enquanto você respondia suas cartas de negócio.

– Ah, vamos lá, esqueça esse trato, sim? – Heitor diz.

– Não, se você não cumpre sua parte no acordo, não irei cumprir a minha. – Catarina diz, fechando o livro.

Heitor deixa a caneta que estava em sua mão na mesinha.

– Bem, isso é uma pena. Realmente uma pena. – Ele diz.

3 - Sobre Meninas e EscolhasOnde histórias criam vida. Descubra agora