Parte 1 - Capítulo 9

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Queria desejar feliz aniversário MUITO atrasado pra Raizinha (Detalhe que só eu posso chamar ela assim). Tudo de bom pra você e obrigada pelo carinho de sempre. Você é uma menininha muito linda, meiga e especial, e só merece o melhor da vida. Posso pedir pra tu não me abandonar nunca? Love u. 

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                Lúcio corria ao redor de sua propriedade e nem tinha ideia de quanto tempo estava fazendo aquilo, o lugar era enorme e ele já tinha dado três voltas. Tentava concentrar sua energia em outras coisas, geralmente era no trabalho, mas, como ultimamente ele mal conseguia pregar os olhos por causa dos pesadelos, ele fazia exercícios quando acordava de madrugada.

Ficou até com vontade de vender aquela casa quando percebeu que era bem maior do que ele imaginava. Por que tinha comprado uma casa tão grande? O campo que dava acesso a casa era enorme, a casa era gigante e ainda tinha o bosque na parte de trás.

Olhando do bosque, a casa parecia um lugar bem sombrio e... triste. Isso representava o que ele estava sentindo? Provavelmente, já que o tamanho de sua casa nunca foi problema. Agora tudo parecia grande demais, espaçoso demais. Sua cama mesmo parecia tomar conta do quarto todo, de modo que ele estava quase comprando uma cama de solteiro.

Sabia que tudo isso tinha a ver com Bella. Tinha prometido a Genevieve, e a ele mesmo, que tentaria ser feliz por conta própria, mas como poderia ser sem ela? Não teve notícias de Bella desde a carta que recebeu quando voltou, mas Lúcio tinha visto Carlota falar com ela ao telefone várias vezes.

Lúcio acompanhava a vida da sua esposa de uma maneira muito sutil: ele invadia as câmeras de segurança dos locais onde ela iria fazer as palestras e assistia a todas as suas palavras atentamente. Ainda sentia raiva por tudo que aconteceu, mas agora ele não podia deixar de se orgulhar de tudo que ela estava conseguindo.

Os primeiros raios de sol já começavam a aparecer, estava úmido. Já era de outono, e ele mal podia esperar pelo inverno, desde que era pequeno, era sua estação preferida. Isso porque no inverno era mais fácil para tratar das feridas que eles tinham, a neve até ajudava na dor.

A estação que mais odiava era o verão porque era quente, a dor era maior e o local ficava cheio de moscas rodeando as feridas abertas e sujas de sangue. O inverno também tinha o lado ruim porque eles mal tinham como se aquecer e Lúcio tinha perdido as contas de quantas vezes viu pessoas morrendo de frio, mas sentir frio não era pior do que sentir suas costas queimando e ardendo. Ele arqueou as costas só de lembrar da sensação.

Sentiu algo batendo contra seu corpo, de repente. Lúcio caiu de costas no chão que estava repleto de folhas secas. Seus braços nus tocaram o chão e ele levantou-se rapidamente, tirando a blusa regata e limpando seus braços com a parte do tecido que não tinha entrado em contato com a sujeita.

Levantou os olhos para ver o que o atingiu e encontrou Genevieve caída alguns passos a sua frente, quase inconsciente. Ele corre até ela.

– Estou no céu? – Pergunta quando abre os olhos, tentando parecer que está delirando, e Lúcio ri.

– Acho que está mais para inferno, Robin Hood. – Diz Lúcio. Ele envolve a mão com a blusa e ajuda Genevieve a levantar.

Ela se coloca de pé e passa uma das mãos na cabeça.

– Nem lembro a última vez que você me chamou assim.

Era assim que ele a chamava quando os dois eram mais novos. Isso porque Genevieve teve uma fase de hackear contas bancarias de ricos e transferir para os pobres. Ela parou com aquela vida quando hackeou a conta de um traficante, foi rastreada por um deslize e Lúcio quase morreu ao entrar em uma briga com ele. No final das contas, o traficante morreu e aquela fase passou, mas Lúcio ainda ficou vários meses em falar com ela.

3 - Sobre Meninas e EscolhasOnde histórias criam vida. Descubra agora