Parte 2 - Capítulo 5

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                Como Lusiane tinha avisado, Catarina passou os primeiros dois meses estudando diversas coisas que deveria ter aprendido durante toda a infância e adolescência. Nunca pensou que se arrependeria tanto por ter matado todas aquelas aulas, deveria ter ouvido mais sua tia Hortência.

Tudo era complicado demais e, mesmo depois de passar o dia estudando, tinha que revisar tudo em casa. Lusiane dizia que ela não precisava se aprofundar em tudo, por enquanto, mas precisava ter a base. Então, basicamente, no final da primeira etapa, ela sabia um pouco de tudo, mas não era boa em nada. Exceto, talvez, na cozinha e, claro, nas aulas de defesa pessoal. Catarina sempre gostou de lutar, mas nem poderia imaginar o quanto era bom cozinhar. Ela nem precisaria cozinhar, só precisava conhecer muito sobre culinária para poder organizar os eventos, mas acabou gostando de colocar a mão na passa. Também adorou aprender um pouco de outra língua.

– Nessa segunda etapa, eu vou te ensinar como uma primeira-dama deve se portar perante a sociedade. – Diz Lusiane.

– O que exatamente eu vou aprender? – Pergunta Catarina.

– Vou te ensinar a controlar suas emoções, seus atos, seus desejos. Você precisa se tornar uma máquina.

– Uma máquina? – Ela pergunta com um nó na garganta.

– Catarina, você será o espelho das pessoas a partir do momento em que se casar com O Representante. Se você chorar, eles vão chorar. Se você entrar em desespero, todos entrarão com você.

– Mas, se eu rir, todos irão rirão comigo. – Catarina completa, e Lusiane assente.

– Mas, principalmente, preciso te ensinar a suportar tudo sem se queixar. Cada magoa, cada desapontamento, casa desejo do seu marido. – Ela diz, e Catarina engole em seco.

– Cada desejo do meu marido? Tipo, ficar com outra mulher?

– Toda mulher é inferior ao marido, mas com Heitor é ainda mais que isso. Você será o exemplo para todas as mulheres e, portanto, deve ser mais submissa que qualquer uma. Ele não será apenas seu marido. Ele será o seu superior, seu representante, seu dono.

– E se eu não puder fazer isso? – Pergunta Catarina.

– Você conseguirá. – Afirma Lusiane. – O que eu estou dizendo, principalmente, é que sua vida pública vai ser na base das aparências. Não importa como seja sua vida dentro de casa, como seja o seu relacionamento com seu marido, não importa nem se vocês são felizes ou não. Você nunca deve mostrar nada disso em público, em público você deve ser a mulher que obedece cada lei do seu marido, que o ama e que é feliz por isso. – Catarina engole em seco. – Heitor te ama pelo que você é, mas o vale vai te amar pelo que você vai se tornar.

– O vale vai amar a máquina.

– Exato. – Diz Lusiane. – E não confie no amor deles porque, no momento que você errar, todos irão apontar o dedo para o seu rosto.

– Como você conseguiu aguentar tudo isso? – Pergunta Catarina. – Quero dizer, como poderia querer essa vida?

– Ambição. – Diz Lusiane. – Eu vim do Vale Salvador, minha família tinha muitos bens, eu queria isso. Eu queria ser esse espelho para a sociedade. Foi muito difícil e eu pensei em desistir diversas vezes, mas não o fiz e eu nem tinha algo que você tem.

– O que eu tenho? – Pergunta Catarina.

– Um noivo que te ama e que só têm olhos pra você. – Ela diz, e toda a dúvida de Catarina começa a sumir.

3 - Sobre Meninas e EscolhasOnde histórias criam vida. Descubra agora