Parte 2 - Capítulo 3

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                Mau toma uma caneca de chocolate e tenta se livrar de todo o barulho. Sua mente é barulheira, sempre foi assim. Tinha pensamentos, planos, sonhos, desejos de vingança. Fora todo o barulho exterior que ele tinha conseguido quando sua audição foi melhorada.

Mau podia ouvir tudo: os pássaros cantando, o som do vento batendo nas folhas árvores, o som do rio, o barulho da cachoeira, pessoas conversando. Era horrível! Ele ainda ficava surpreso por não ter ficado louco. Quer dizer, talvez ele tivesse ficado.

Quando Mau se apaixonou por Anabel pouco mais de dois anos antes, todo o barulho tinha melhorado. Quando estava perto dela, só precisava se concentrar na sua voz ou na sua respiração ou até no som do seu coração batendo. Agora que ela tinha desaparecido, o barulho tinha voltado com tudo. Mau não tinha a menor ideia de como lidar com ele.

Eric aparece na sua frente.

– Nada? – Pergunta Eduardo.

– Nem sinal dela. – Ele responde. Eric também parecia arrasado, assim como Eduardo, Ruth e Paola.

Ninguém sabia ao certo o que tinha acontecido. Mau e Eric saíram e, ao voltarem, encontraram Pink... – quer dizer, Carlita – dopada. Quando acordou, a loba disse que tinham levado Anabel, mas quem? Ninguém nem tinha ideia.

– Agora literalmente eu revirei essa floresta de cabeça para baixo, levei lobos, ninguém sentiu o rastro dela em lugar nenhum. – Nem Eduardo, nem Mau e nem Ruth respondem. – Devem saber o que isso significa.

Mau não sabia e nem queria saber, a dor já estava ruim o bastante quando ela estava apenas desaparecida.

– Que ela foi levada pelos Tecas. – Diz Eduardo, e o coração de Mau se parte pela milésima vez nos últimos meses. Ele não podia nem aceitar isso, não podia aceitar que Anabel estivesse presa naquele lugar horrível.

– Não. – Grita Eric.

Mau sabe que ele está disfarçando a raiva. Como se Mau, Eduardo e Ruth fossem culpados, mas qual era o problema dele? Todos estavam sentindo raiva. Eric não amava mais Anabel que Mau. Ela era esposa dele, não de Eric.

– Significa muito mais que isso. – Rosna Eric.

– Eric, todos nós estamos sofrendo, você não precisa vir aqui e agir como se você se importasse mais. – Diz Mau.

– Está brincando comigo? – Pergunta Eric. – Acha que eu quero provar alguma coisa? Só quero ela de volta.

– E acha que eu não? – Grita Mau. – Acha que eu não estou morrendo a cada dia?

– Chega! Os dois. – Interrompe Ruth, também com a voz fraca. – O que quer dizer, Eric?

– Ele não a matou. – Diz Eric.

– Como pode ter certeza? – Mau pergunta.

Eric engole em seco e olha pro lado.

– Porque eu ainda a sinto.

– Ainda a sente? – Mau pergunta, perplexo. – Como assim a sente?

– Não me pergunte como, mas eu a sinto. E eu sei que ela está viva.

Mau vê Ruth e Eduardo trocando um olhar rápido.

– O que isso significa? – Mau pergunta, sem entender.

– Nada. – Eduardo interrompe. – Continue, Eric.

– Alberto também não mantém prisioneiros.

– O que quer dizer? – Pergunta Mau, embora tivesse medo da resposta.

3 - Sobre Meninas e EscolhasOnde histórias criam vida. Descubra agora