Bad boy.

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- Por favor Arthur eu juro que não faço mais. - Natália minha irmã implora para eu deixar ela sair com a amiga. Ela aprontou e meu pai resolveu por ela de castigo.

- Já disse que não Natália, agora pare de encher meu saco.

- Mas você vai sair, isso não é justo o pai e a mãe nem estão em casa. Eu vou ficar sozinha?! - Penteio meu cabelo e passo perfume.

- Ta bom, vai, mas se chegar muito tarde já sabe. - Natália pula de alegria e me dá um beijo estalado na bochecha, limpo o local e faço careta.

Hoje tenho uma luta e estou um pouco atrasado.

Me despeço da Natália e vou pro meu carro. Meu pai me presenteou com ele nos meus dezoito anos, ele comprou de um vizinho que já não mora mais aqui. O carro não é lá essas coisas, mas eu cuido muito bem. Estou juntando uma grana para comprar um outro e passar esse pro meu pai, já que o dele era tão velho que deu pau.

Ligo o carro e dirijo até o porão de uma escola, onde será a luta. Eu entro por uma outra entrada e desço. Posso ouvir os gritos das pessoas lá dentro.

- Porra bad boy finalmente. - Bola um grande amigo diz.

- Foi mal, a Natália ficou me atrasando.

- De boa, agora vai lá trocar de roupa e vamos logo. Vou falar pro Igor que você chegou. - Ele sai do quartinho minúsculo. Eu boto meu short vermelho, dou uma alongada nos músculos e faço um aquecimento rápido, esperando ser chamado.

- Senhoras e senhores, vamos chamar aqui pro meio meu grande amigo cachorro loucoooo. - Igor grita no microfone, chamando o outro lutador.

- E agora com vocês meu grande parceiro, bad boyy. - Igor grita junto com a multidão e eu entro recebendo vários tapas nas costas. Eu odiava o apelido bad boy era ridículo, mas desde que bola veio com essa palhaçada todos me chamam assim. Eu acabei deixando o apelido ridículo mesmo.

- Vamos lá, acaba com esse vira-lata. - Ouvi um cara gritar e dei uma risada. As lutas ilegais eram sempre um ótimo meio de ganhar uma grana, vários mauricinhos vinham da Zona Sul para assistirem e apostar nos lutadores. Aqui a regra era clara, ganhou leva a grana, não ganhou não leva nada.

Eu sempre treinei. Meu pai me botou no Jiu jitsu quando eu tinha quatro anos, lutei até meus quinze anos de idade. Depois me interessei pelo krav maga, pois era mais trocação e defesa. Quando eu tinha dezenove anos bola me viu brigando na rua com dois moleques que estavam assediando a Natália, ele me convidou para participar de uma luta por dinheiro, eu fui e até hoje participo delas. Meu pai não sabe que participo dessas lutas, se ele soubesse iria enlouquecer. Ele sempre foi meu treinador e não iria aceitar me vê lutando por dinheiro ilegalmente.

Ainda mais nessas que você só ganha quando o cara está caído e sangrando, devo dizer que quando luto eu amo tirar sangue e ver o olhar do adversário do mesmo jeito que está o olhar do cachorro louco.

Medo! O medo me fascina. E o olhar dele transpira isso, abro um sorriso e dou uma direita no maxilar dele. O levando a nocaute.

Até que ele lutou bem, vou ficar com uma marca roxa no queixo mas nada comparado a como ele vai ficar.

- Isso porraaaaa. - As pessoas gritam como desesperados, e batem palma.

- Essa foi foda, ele estava com muita marra. - Igor diz e da uma risada.

Aperto a mão dos meus amigos e comemoro, mais uma vitória.

Quando saio do local da luta, vou direto pra casa não quero ir pra boate hoje e sem contar que estou muito cansado.

Assim que chego em casa tomo um banho e deito na minha cama, logo sinto um troço embaixo de mim. Quando pego é um sutiã, eu odeio ter que dividir quarto com a Natália, ela fica deixando essas coisas espalhadas por todo o lugar.

Aqui em casa infelizmente​ só tem dois quartos, um fica para os meus pais e o outro para mim e para Natália, mas a garota é muito bagunceira e deixa a porra toda jogada.

Jogo a merda do sutiã no chão e finalmente posso dormir em paz...

- Arthur? Arthur acorde. - Abro um olho e vejo meu pai parado me olhando.

- O que foi?

- Hoje é seu dia de ficar na barraca, vamos levante logo. - Xingo mentalmente e me levanto, ainda são oito da manhã. Eu fui dormir às quatro, estou com o corpo doendo e morrendo de sono. Mas com o pouquinho de disposição que me resta eu me levanto e vou tomar um banho.

- Bom dia meu amor. - Minha mãe diz assim que entro na cozinha.

- Bom dia. - Dou um beijo em sua testa e me sento na mesa.

- Sabe da Natália? Não a vi saindo. - Minha mãe pergunta e bota um copo de Nescau na minha frente.

- Ela foi sair com uns amigos. Natália agora só quer saber daqueles amigos com dinheiro. - Ela tinha esses amigos, graças a uma bolsa de estudos que conseguiu em um dos melhores colégios do Leblon, a menina era bem inteligente e passou na prova de primeira. Ela tinha boas notas no colégio público onde estudava e o diretor resolveu indica-la para fazer a provar. Minha irmã aceitou na hora e conseguiu ganhar a bolsa.

- Essas amizades da Natália ainda vai nos trazer problemas, sabia que ela falou que é amiga daquela menina, a filha do prefeito Otávio Cavalcante, eu cai na risada nossa filha está ficando louca em Diana. - Meu pai diz rindo e eu acompanho ele.

- Mas eu acho que é verdade, Natália não mente e naquele colégio estudavam muitos filhos de políticos e famosos. - Minha mãe diz.

- Enquanto vocês debatem sobre as amizades da Natália, eu vou indo. Que alguém aqui tem que trabalhar né. - Jogo a camisa no ombro e saio de casa.

Chego na barraca do meu pai às nove.

- Finalmente, chegou o concorrente gostosão. - Dou um tapa na cabeça de Raul um dos meus amigos que também trabalha na feirinha, era um lugar onde as pessoas compravam de tudo, de roupas a celulares piratas e daí vai. Aqui nós vendíamos roupas masculinas.

- Agora você vai perder a clientela feminina.

- Quem dera. O movimento está tão fraco, não veio uma gatinha até agora. Só marmanjo feio. - Passo a mão pelo rosto preocupado. O movimento estava realmente fraco, isso estava começando a me preocupar pois as contas não estavam esperando.

- Não vamos perder as esperanças. - Falo e visto a camiseta.

Ficamos a maior parte do tempo jogando baralho. Até que chegou alguns clientes.

Foram poucos, mas conseguimos alguma grana.

Depois do trabalho volto pra casa. A Natália está esparramada no sofá.

- Chegou que horas?

- Umas nove. Eu fui pra casa da Camila depois da boate já que era mais perto.

- Vai sair hoje? - Ela me olha com uma sobrancelha arqueada.

- Qual o motivo do interrogatório?

- Eu quero trazer uma garota e não vai ficar legal eu transar com ela e você na cama ao lado. - Ela faz uma careta e me joga uma almofada.

- Você é tão nojento Arthur. E pode trazer as suas putianes, mas amanhã porque hoje eu não vou sair. Amanhã eu vou vê se durmo na casa da Camila novamente. Já que o irmão dela quer levar a gente para um lugar. Não sei onde.

Dou uma bufada, vou ter que me contentar com um motel essa noite.

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