"Como é bom vencer"

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Depois que a Camila foi embora minha mãe me deu uma lição de moral em como me portar em frente a visitas e jamais chamar o pai de alguém de ladrão.

Eu só concordei com a cabeça pois se não ela iria ficar dando sua palestra por mais alguns minutos.

Mas mesmo depois dela ficar falando no meu ouvido, eu continuo chamando Otávio Cavalcante prefeito do Rio de Janeiro de ladrão. Só não ver quem não quer.

Termino meu banho e vou pro quarto, assim que entro vejo meu celular tocando.

- E aí Bola.

- E aí bad boy, tenho uma luta pra você vem aqui pra casa agora mesmo.

- Com certeza, vou me arrumar aqui e em alguns minutos estou aí. - Desligo e ligo pro Igor.

- O que foi? - Ele atende com uma voz de sono.

- Que foi nada, eu preciso do meu carro.

- Não vai da Arthur estou com uma dor de barriga.- Ah fala sério.

- Porra Igor.

- Foi mal cara. - Desligo o celular e vou me arrumar.

Em menos de trinta minutos já estou pronto, pego minha bolsa onde guardo meu short de luta, protetor bucal e essas merdas. Boto meu boné e saio de casa.

Vou até a casa do meu amigo que é na frente da minha.

- Oi Marina. - Marina é a irmã do meu amigo, ela é linda pra cacete e a gente se pega quando estamos com vontade.

- Olá Arthuzinho. Já com saudades?

- Também, mas eu quero falar com o Marcos ele está aí? - Ela assente e eu entro.

- Marcos. - Espero alguns segundos e ele mete a cara pra fora.

- Fala parceiro.

- Cara estou precisando de um favor.

- Manda.

- Me empresta sua moto? - Ele volta pra dentro e vem girando a chave da moto.

- Toma conta dela. - Pego a chave aperto a mão dele e meto o pé. Não antes de da um beijo na Marina.

- Posso vir aí hoje?

- Claro. - Ela diz e sorrir. Era sempre bom manter contato com uma amiga de foda, e era melhor ainda quando ela morava de frente para sua casa. Comigo e com a Marina era assim, quando um estava com vontade chamava o outro e nós transavamos, depois continuávamos amigos.

Subo na moto e dirijo rapidamente pra casa do bola, furei vários sinais. É por isso que não posso ter uma moto, eu iria ser multado sempre.

Quando chego na casa do bola já saio entrando, ele está sentado no sofá fumando um charuto.

- Pontual.

- Sempre, me fala sobre a grana. - Ele da risada. Eu me jogo no sofá e pego charuto também.

- A grana é boa, se perder não leva nada.

- Eu vou ganhar, eu preciso ganhar. - Vou até um quartinho na casa de bola onde tem um saco de pancadas e alguns pesos.

Boto a música Duality do Slipknot para tocar e boto meu fone, a música toca altíssima e eu começo a socar o saco de pancadas.

Gosto de pensar que aquele saco é a Camila, eu jamais bateria nela mas imaginar que ali é ela não é nenhum crime né?

Então soco até o suor escorrer pela minha testa e costas, depois levanto peso até meus braços arderem. Eu preciso ganhar essa luta, não posso perder por nada.

Faço alguns alongamentos, flexões, abdominais e pulo corda.

Quando acabo estou um pouco mais leve.

- Vamos lá bad boy, você precisa tomar um banho e relaxar os músculos. - Concordo e tomo uma banho gelado.

Depois caio no sofá e boto pra tocar Tove lo, Talking Body, e logo lembro da festa e de quando dancei com a Camila. Aquela dança foi maravilhosa.

Mas eu preciso esquecer essa garota.

Me desligo do mundo e fecho os olhos.

***

Agora espero para ser anunciado, o local da luta é na cobertura de um hotel de luxo, me pergunto quem foi o organizador disso tudo aqui. Ele ou ela parece ter bastante dinheiro.

- Vamos lá Bad boy, esse adversário não é nada fácil. - Bola diz e aperta meus ombros.

Estalo o pescoço e tiro meu boné.

- Agora com vocês, bad boy. - Um homem grita no megafone e eu dou alguns socos no ar antes de ir pro meio da roda que foi feita. Aqui não tem proteção, a única coisa é uma roda feita por pessoas loucas para ver sangue.

O meu adversário é da minha altura negro e com o cabelo afro.

- Eu vou acabar com você, essa luta já é minha. - Ele diz alto o suficiente para levar todos a loucura. Eu já tinha ouvido falar dele, ele é um lutador ilegal que só luta nessas coisas grandes.

Pelo que ouvi é muito bom.

Prefiro não responder as suas alfinetadas.

- Agora é com vocês. - O homem diz novamente e a luta é liberada. Primeiro rodamos em círculos, ele tenta da os primeiros golpes.

Uma pessoa que está na roda me empurra pra cima dele.

Dou um chute na batata de sua perna e ele vem pra cima. Me acerta alguns golpes mas eu consigo da uma sessão de socos nele.

A luta é intensa e equilibrada... Ele entra por baixo e vai me empurrando e nós dois caímos sobre uma mesa com taças de champanhe e canapés. Mas nunca paramos de nos bater.

O sangue escorre do meu rosto e do dele, já estamos cansados pois já tem vários minutos de luta. Meus dedos estão ferrados pela falta de luva.

E eu finalmente consigo ir por cima dele e socar seu rosto sem pausas, meu punho se conecta com seu rosto várias vezes enquanto ele tenta reverter nossas posições mas é em vão pois está muito cansado pra isso. E quando vejo os olhos dele perdendo o foco eu o solto e levanto com os braços pra cima. O cansaço toma conta do meu corpo mas eu me recuso a cair.

- Isso, issoooo. - Bola grita e me abraça, todos estão parados olhando pra cena. Sem acreditar no que estão vendo, pelo visto o homem desacordado no chão recebeu muitas apostas.

- Eu falei, eu avisei Carlos, falei que ele ia ganhar. - Bola grita e aponta pra um cara de terno e gravata sentado em uma cadeira que mais parecia um trono, ele tem uma menina sentada em cada perna dele e segura uma taça de champanhe. Parece que ele é o poderoso chefão.

O homem levanta e se aproxima batendo palmas.

- Muito bem. Você derrubou o meu melhor homem. - Ele diz e aperta minha mão.

Fui convidado a ficar na festa que iria ter, mas eu só queria ir embora encontrar o Igor em um barzinho para comemorar, o safado tinha mentindo sobre a dor de barriga e me ligou agora a pouco para me falar que estava me esperando com alguns amigos em um bar na Lapa.

- Carlos falou que eu não conseguiria um homem para acabar com aquele cara. E olha só você subestimou ele. - Abro um sorriso, estou feliz pela minha vitória. Mas, mais feliz ainda por finalmente ter o dinheiro pra cirurgia do meu pai que custa 10 mil reais. Eu consegui quitar a cirurgia e ainda sobrou dinheiro.

Eu realmente preciso comemorar, mas antes disso tenho que tomar um banho e passar uma pomada nos hematomas, fazia muito tempo que eu não ficava desse jeito todo ruim.

- Isso vai está horrível amanhã. - Bola diz e aperta um hematoma.

- Porra. - bato na mão dele. - Vai ficar uma merda, mas valeu a pena. Finalmente consegui o dinheiro pra cirurgia do meu pai.

- É isso aí garoto. - Ele diz e aperta minha nuca.

Como é bom vencer.

Bad boyOnde histórias criam vida. Descubra agora