Alice numa jaula com leões.

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Apenas uma menina do interior, criada para ser uma garotinha com bons modos. Sentada diante da mesa, tigela com leite e cereal, pães sobre o prato e um ambiente vintage ao redor.

Típica casa de avós...

Um olhar morteiro, expressão indecifrável. Pensamentos aleatórios dos quais envolviam sonhos, saudades do desconhecido, inocência... Vontades.

Crescida numa só companhia, educada à moda antiga, privada de todo mal existente. Num mundo cor-de-rosa ou nude, não havia o que descobrir, somente haviam palavras em papéis que contavam histórias de como a vida era grande lá fora, mas somente lá fora.

Pobre menina que cresce, entendimentos que ficam extensos, vontades que vão além de uma cerca que envolve uma simples casa no meio do mato.

Então mais tarde, segue para um portal que diz: Bem-vinda ao país das maravilhas.

– Aqui é seu sonho, entre menina – disse o mundo. 

Com olhos brilhantes, feitos cuidadosamente em glitter azulado, o primeiro passo dado em pé direito – da melhor forma possível, com extremo desejo do novo. Era a Alice adentrando numa Jaula de leões.

Que belos leões, jubas douradas e macias. Acolhedores leões que abraçam cuidadosamente e não são malvados. Mesmo depois de horas, não eram malvados.

Não eram malvados... Não em sua maioria. 

Alguns passaram a encarar de longe, olhos escurecidos, barrigas para dentro, tão magros. Não podiam sair dali. 

Horas vão se passando.

Ela tenta liberta-los da jaula, mas não há forças nos punhos.

Horas se passando.

Não havia ninguém para alimentá-los, pobres leões...

E as horas voam, sem piedade. 

Ha um espelho no teto e ela deveria tornar-se uma leoa, mas refletiu acima de seu corpo outra imagem.

Não há mais tempo.

Leões famintos ao seu redor, leões intimidadores em sua volta, andando em círculos intermináveis, seu vestido sendo puxado pelas presas que a despem sem piedade.

Não pareciam pobres leões agora. 

Seu encanto morria juntamente ao corpo pálido... Ela sabe que estão com fome, e sabe que entrou na jaula como se não houvesse o lado ruim no mundo. 

Mas que culpa tinha a pobre menina, se o mundo lhe deu boas-vindas? 

Sussurrou quase um: Confie em mim.

 Mas não confie, Alice... Não confie...

 Não confie

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