Capítulo bônus

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Ao tocar a campainha da casa de Jess, não demoraram para abrirem o portão. Encontrei sua mãe e minha amiga ao seu lado sorrindo ao me ver, eu sorri também, pois estava feliz em estar em sua casa ao invés da minha essa noite. Entramos para dentro e enquanto estávamos sentadas na sala, conversamos sobre diversos assuntos, incluindo estudos e nossos interesses para o futuro. Confesso que estava um pouco farta em segurar meus reais sentimentos para mim, sentia uma necessidade imensa de contar para Jess tudo o que havia acontecido, só assim eu tiraria o peso que estava carregando.

Suspirei profundamente e cocei os olhos quando Jess me olhou desconfiada de algo, ela pareceu entender que deveríamos ficar a sós.

– Está cansada, amiga? – perguntou-me e tive a atenção de ambas direcionadas à mim.

– Estou... Um pouquinho – respondi sem jeito.

– Então está na hora de irem para a cama, mulherada – um homem surgiu na sala, sua postura cansada demonstrava que talvez estivéssemos fazendo barulho demais.

– Oi pai, já estamos indo – vi Jess levantar-se do sofá e me puxar em seguida.

Passamos pelo homem sério e exausto e fomos diretamente para um cômodo no fim do corredor. O quarto dela era como de boneca, encantei-me com as roupas de cama toda em seda e detalhada com rendas. O rosa morava no ambiente infantil, jamais imaginei que Jess tivesse um gosto tão fofo.

– Esse sempre foi o quarto de meus sonhos – sussurrei encantada enquanto observava o lustre acima de nós – que coisa linda, parece que o retirou de um castelo de princesa!

A casa não era tão chique quanto a de Marc, porém, perto da minha poderia ser chamada de mansão. Não reclamo do que vovó me oferece, pois sou muito grata por tudo, mas ao ver coisas que só achava em revistas e livros, não poderia deixar de me encantar feito criança. Caminhei até a cama espaçosa à minha frente e sentei-me na beirada dela.

Bufei ao recordar-me de mãos femininas percorrerem pelo corpo de meu... Professor.

– Jess, eu estava com Marc – a vi espantar-se e sentar ao meu lado curiosa – nós estávamos indo bem, até pensei que nos beijaríamos... Mas o celular dele tocou e depois o vi sair tenso para a entrada de sua casa.

Nos encaramos, minha expressão certamente denunciava meu estado triste. Ela por sua vez, continuou calada e esperando por mais.

–Eu o segui, pois havia enjoado de esperar – continuei – foi aí que o vi com sua ex mulher abraçados em frente a casa dele, ela o acariciava... Pareciam estar confortáveis com o contato físico, sabe?

– Oh, amiga... Sinto muito por isso, que canalha! – a vi ficar com uma expressão tão chateada quanto a minha – mas aí?

– Eu passei por eles e ameacei vir embora, mas no fim das contas percebi que precisava da ajuda de Marc pra vir até aqui. Ele me trouxe, e acabei o provocando antes que ele fosse embora.

– O que você fez? – perguntou-me parecendo surpresa.

– Eu disse que Jonas poderia cuidar de mim, e não precisava da ajuda dele.

Um sorriso apareceu em seus lábios e seus olhos brilharam para mim. Eu sabia que ela iria gostar de minha atitude, pois era uma menina muito levada.

– Simplesmente arrasou – a ouvi gargalhar ao meu lado – você precisa mudar a forma de se vestir, além do mais, vamos ir pra uma agência de modelos nesse sábado.

A vi ficar séria ao falar. Iríamos fazer o que numa agência de modelos afinal? Jess não poderia ter feito o que eu estava pensando, não mesmo! Vovó jamais concordaria com isso, jamais!

– Jess, minha avó irá te odiar se me levar em um negócio desse. Ela não gosta dessas coisas... – tentei convencê-la sem sucesso.

– Ah, eu convenço ela. O dono é amigo de meus pais e a agência é famosa aqui na região, amiga, acorde pra vida! Eu já enviei suas fotos e eles estão loucos pra te conhecer – neguei com a cabeça ao ouvi-la entusiasmada – nem pense em desperdiçar isso, sabe quem já tentou se agenciar lá?

– Quem? – perguntei confusa.

– ANA E JOANA! – ela quase gritou no meio da noite, em seguida tampou a própria boca com as mãos na tentativa de se conter.

Jess era muito transparente, foi muito fácil saber o quanto estava animada com a situação.

– Não posso fazer isso! – senti meu celular vibrar em minha mochila que havia deixada ao lado da cama.

Olhamos apreensivas para o aparelho que não desistia em tocar, em seguida, ela me empurrou encorajando-me a atender. Poderia ser Marc, e poderia ser vovó. Minha cabeça parecia estar prestes a explodir quando decidi atender sem ao menos olhar quem era, só assim eu teria coragem para dizer "alô".

– Deixe no viva-voz – Jess sussurrou travessa.

Após fazer o que ela pediu, sorri nervosa pelo medo em atender e ouvir uma voz grave.

– Só quero dizer uma coisa – lá estava a voz que eu temia ouvir, assim como eu, minha amiga paralisou com olhos arregalados – se quer ser tão infantil ao ponto de não me escutar, vá em frente. Mas não a deixarei agir por impulso e ficar com Jonas.

Jess começou a chacoalhar suas mãos como maluca após ouvi-lo, eu via a sua animação, porém, não conseguia evitar o nervosismo que me atingia em cheio. A voz de Marc era marcante, eu não iria conseguir dormir a noite toda por isso, suas palavras também me deixavam com medo do que poderia acontecer caso ele imaginasse eu tendo relações com outro professor.

– Eu tenho o direito de escolher o melhor para mim, além do mais, Jonas não tem intenções de ficar comigo e muito menos de me magoar – senti um nó formar-se em minha garganta – você tinha a chance de me contar que ainda se relacionava com sua ex, mas preferiu me privar disso e agora quer controlar minha vida de certa forma.

Olhei para Jess e a vi sorrir com maldade no olhar, ela não era uma boa pessoa! Sorri por não conseguir controlar-me diante dela.

– Sou um homem, não devo satisfações de minha vida – sua voz fria me fez engolir em seco – se assim deseja, quero ver até quando irá sustentar esse orgulho. Mesmo não devendo satisfação, saiba que desde minha separação eu jamais a toquei novamente, por mais que ela tentasse.

– Talvez eu tenha visto demais – ironizei.

– Não duvide do exagero de seus olhos amedrontados, são lindos, porém infantis para enxergar o mundo.

Eu pensei em algo para responder, mas não fui rápidao suficiente. Marc desligou a chamada e deixou-me sem reação diante de minhaamiga que encontrava-se no mesmo estado que eu. Nós nos encaramos por um longotempo sem dizer absolutamente nada. 

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ESPERO QUE GOSTEM

Perdoem os erros, pois não reli ainda.

Em breve terá outro cap. de mais ou menos 2k de palavras.

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