Capitulo um - O sonho tornou-se real.

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ATUALIZAÇÃO (Outubro de 2024): Em um bom tempo desisti do livro. Decepcionei vários leitores, porém, eu estou continuando.


— Vovó? — chamei sua atenção para mim enquanto ela dirigia sua velha caminhonete — estou tão ansiosa pelo primeiro dia em uma escola... — comentei quase em gritinhos.

Ela dirigia a quarenta por hora, parecendo estar apostando corrida com uma lesma na estrada de terra. Seus olhos encarou-me brevemente antes de volta-los para a direção.

­— Meu anjo, sua inocência me deixa com medo as vezes — um suspiro pesado saiu dentre seus lábios finos e estreitos – saiba que na cidade as coisas são diferentes, as pessoas não são tão prestativas como no interior, entende? 

Encarou-me rapidamente por cima de seu óculos.

— Eu sei, por isso irei seguir todas suas instruções — tentei acalmá-la e passar confiança.

— Não foi fácil pagar para você ser educada em casa, Alice. Mas espero que tenha valido à pena, que tenha sido um investimento essencial para sua educação.

— Claro, minha vó. Sempre serei grata pelo seu esforço, sempre! — e realmente seria, sei que ela economizou muito para que eu tivesse sido educada longe da cidade e ao seu lado.

A olhei de relance e percebi que um sorriso satisfeito brotou em seus lábios. Tentei conter a euforia em meu interior para que não pensasse que eu estaria extremamente deslumbrada. Vovó se preocupava demais comigo.

Passamos pela cidade vagarosamente, meu peito se enchia ao ver os prédios e lojas por toda parte, as pessoas que caminhavam apressadas pelas calçadas, os carros em filas sem fim – tudo era uma loucura. 

As ruas passaram a ficarem menos movimentadas enquanto adentrávamos nos bairros, reparei os quintais pequenos e como seus muros eram enormes ao redor das casas; muito diferente do sítio onde morávamos, que era totalmente aberto e vasto.

Ao pararmos em frente à uma simplória residência branca, me prontifiquei de agarrar as chaves em cima do painel da caminhonete. 

— Vou abrir a porteira, vó — sorri animada antes de sair do automóvel. 

— Isso é um portão, Alice! —  ela riu com minha gafe – está vendo? Mal sabe a diferença de uma coisa com outra — continuou a rir e me fez gargalhar junto à ela.

Assim que abri o portão, a vi entrar cuidadosamente e estacionar na garagem enquanto eu fechava a entrada com o cadeado.

O interior da casa continha cômodos minúsculos, e igualmente ao exterior, as paredes eram brancas. Haviam dois quartos, um banheiro e uma cozinha que ficava dentro da sala, o que separava uma coisa da outra era apenas um balcão de mármore escuro.

— Nunca gostei da cidade — vovó começou após sentarmos à mesa para jantarmos.

— Mas você tem essa casa, não é? – sorri enquanto comia algumas folhas de alface.

— Sim, seu avô Carlos era da cidade e queria à todo custo comprar uma casa aqui — presenciei seus olhos brilharem ao recordar-se dele — ele me trazia para que fossemos aos bailinhos, Carlos era incrível!

— Eu imagino, você sempre fala muito bem dele. Quando eu me casar quero que ele seja igual ao vovô.

— Deus queira, minha neta! Deus queira!

Nós rimos em sintonia antes de voltarmos a comer. Ao contrário do que muitos acham, estar com vovó não era um tédio, todos os dias em que passei ao seu lado valeram à pena e foram divertidos – assim como está sendo agora. A energia dentro dela me fazia uma boa menina. Se ela não estivesse esse tempo todo em minha vida, sabe-se lá qual rumo eu teria tomado. Com um pai que nem sei se esta vivo ou morto e uma mãe suicida, provavelmente eu estaria juntamente a ela embaixo da terra ou sendo uma qualquer nas ruas.

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