Capítulo sessenta e cinco

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Após incriveis horas com Marc, o final de nossa conversa atormentou meus pensamentos. Jonas não saía de minha cabeça, ou melhor, os ultimos meses não saíam de minha mente. Como era possível eu ter vivenciado tudo isso com apenas 17 anos hoje?

Será que um dia meu brilho voltaria em mim? Será que eu me tornaria uma pessoa cada vez mais, defensiva? Desconfiada? Meu coração apertou.

Marc havia me deixado em seu quarto e prometeu voltar em menos de três horas. Seu quarto sem nós juntos, me dava a sensação de solidão, onde era o momento perfeito para pensar em tudo aquilo que poderia não ser saudável para mim. Sentia algumas vezes uma angústia em meu peito, e todas as vezes, imagens do que eu achava ser loucura entre mim e Jonas, surgiam para me assombrar.

Eu precisava ver ele, olhar nos olhos dele, e falar sozinha com aquele homem deplorável. Como pôde trair a tal nível a confiança de minha avó?

Peguei meu celular que estava no criado mudo e me joguei de bruços na cama de Marc.

Dei uma boa vasculhada em minhas redes sociais e percebi algumas interações de pessoas que eu se quer conhecia. Também havia um novo seguidor com uma foto bastante chamativa em seu perfil, parecendo ser uma outra espécie de alguém que eu já conhecia bem, parecendo ser um clone de sua personalidade à primeira vista. 

Abri seu perfil para entender o porque de um homem assim me seguir e pasmei, pois ele também eras seguidor e seguido por Marc. Evitei em seguir de volta, afinal, tinha cara de problemas. Deixei meu celular cair ao meu lado e encarei o teto até cair num cochilo.

" Abri meus olhos e pude ver Jonas em frente a cama me encarando. Sentiria pena caso não soubesse que ele estaria tão machucado por ter abusado de mim em minha fragilidade, mas eu sorri ao ver seu rosto inchado e com sangue escorrendo de seu nariz e lábios. Eu ri, e ri aliviada mesmo sabendo que estavamos a sós naquele quarto, eu ri porque mesmo ele estando bem ali diante de mim, era um sonho... Eu sabia que era um sonho.

– Alice, me perdoe... Eu não quero morrer, e suas mãos estão com meu sangue – ele gemeu entre as palavras e eu observei minhas mãos ensanguentadas sujando toda a roupa de cama branca de Marc. 

Respirei fundo ao sentir o ar fugir de meus pulmões. Era horrível a sensação de não conseguir me mover em um sonho, e eu precisava acordar.

– Eu te machuquei! – ele olhou para o meio de minhas pernas e eu segui seus olhos até meu pijama branco onde meu shorts estava também com sangue entre minhas coxas – eu te machuquei! – ele gritou e apontou para o sangue novamente.

Meu coração pulava em meu peito querendo sair e fazendo doer. 

Eu só preciso acordar..."

Abri os olhos em desespero e vi uma figura em traje formal ao meu lado na cama. Marc...

– Sonhando? – ele me questionou e sentou-se na beirada da cama.

Assenti com a cabeça enquanto aprendia a respirar novamente. Que sonho maluco era esse? Ele não me deixaria em paz nunca? 

Senti ódio.

– O que está pensando? – sua pergunta me tira de meu devaneio de amarguras.

– Eu preciso ver Jonas, e decidir o que quero fazer depois disso. Eu preciso encarar ele, sabendo que ele sabe que eu lembro de tudo agora, e...

– E eu não irei permitir, simples.

Marc estreita suas sobrancelhas e me encara indignado enquanto eu o encaro indignada.

– Eu não posso nunca fazer o que eu quero nessa vida? – me estressei e senti meu corpo se arrepiar – eu irei sim, e será hoje!

Me levanto da cama e vou com pressa até o banheiro para tomar um banho gelado, mas antes disso, tranco a porta pela necessidade de ficar sozinha. Eu iria sim ver ele, e iria sim enfrentar meu medo!

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