Capítulo vinte.

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ATUALIZAÇÃO (Outubro de 2024): Em um bom tempo desisti do livro. Decepcionei vários leitores, porém, eu estou continuando.

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Engoli em seco quando vovó virou-se para mim, eu estava tão assustada com a conversa de Jonas que tudo me parecia prestes a ser desvendado. Ela sorriu para o meu alívio, em seguida passou a servir a mesa e arrumar o jogo de pratos juntamente com os talheres.

– Espero que goste, professor Jonas. Eu não estava preparada para convidados, mas não poderia deixar de agradecer pela ajuda – finalmente vovó sentou-se conosco, a suavidade em seu rosto mostrava satisfação ao ver Jonas se servir por primeiro.

Ele agia como se fosse algum conhecido, estava totalmente confortável entre nós.

– Eu tenho de confessar, não iria comer tão bem caso estivesse em minha casa – os dois riram em uníssono – panquecas me fazem ter boas recordações, lembro de minha avó.

– Oh, ela fazia sempre pra você? – perguntei na tentativa de mostrar naturalidade.

Jonas encarou-me, logo depois encarou vovó com uma expressão extremamente divertida.

– Na verdade, ela sempre me dizia que odiava fazer panquecas – agora sua expressão tornou-se decepcionada – odiava tanto, que chegava a sonhar que era obrigada a fazer mil panquecas, e aquilo nunca tinha fim.

– O sonho era um pesadelo – vovó gargalhou animada.

– O pior deles! – ele riu alto também, em seguida experimentou o primeiro pedaço e calou-se após engolir.

O vi fazer um mistério, que tanto eu quanto vovó ficamos acanhadas ao ver sua reação, a curiosidade em saber o que ele havia achado tomou conta de nós.

– O que foi? – perguntei ansiosa.

– O que foi? – Jonas retrucou – melhores panquecas que já provei em toda minha vida – com o garfo, o vi abrir a massa que antes encontrava-se enrolada – desculpe, dona Julia. Mas eu tenho de ver o que tem de especial nisso!

Encarei uma avó encantada e com o ego nas alturas, seu largo sorriso quase encostava em suas orelhas, os olhos brilhavam como nunca. O professor por sua vez, xeretava a panqueca de um modo engraçado, analisava todo o prato em busca do tal segredo que acreditava conter ali.

– Desista professor, ela nunca conta seus segredos. Muitos já tentaram descobrir – revelei ao vê-lo tão disposto.

– Então terei que passar aqui outras vezes para pedir essas panquecas, e a culpa é toda sua, dona Júlia – ele apontou o indicador para vovó, que para se defender, tapou o rosto com as mãos e gargalhou outra vez. A face dela encontrava-se avermelhada agora.

Nós acabamos por se entregar aos risos. Jonas não enjoava de puxar o saco dela, sempre ia além e a fazia cair direitinho em sua lábia. O vi pegar seu celular novamente com a mão direita e o posicionar em sua frente, com a esquerda ele alcançou seu prato, o levou próximo de seu rosto e ouvimos um barulho familiar de que havia sido tirada uma foto. Click.

– Selfie! – ele pronunciou após ver nossa reação surpresa e deu de ombros.

– Você não fez isso... – murmurei.

– Estranho seria se eu não fizesse, sentirei saudades dessa maravilha – sua mão alcançou a de vovó sobre a mesa – obrigado, a senhora é a melhor cozinheira de todas.

Após dito isso, ele voltou a comer normalmente.

O que dizer sobre a reação de vovó? Simplesmente encantada, nitidamente maravilhada com o jeito do professor. Ele parecia saber como conquistá-la, com suas ações muito bem humoradas, conseguia tudo o que queria – de fato era um homem esperto até demais.

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