Capítulo cinquenta e quatro - Perdida...

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(...)

Você já se imaginou vivendo sem a pessoa que mais amou em toda sua vida? Já parou para pensar que um dia iremos perder nosso grande amor?

Eu jamais havia feito questão de me imaginar sem ela, por mais que a ideia surgisse para atormentar, eu nunca imaginaria que seria assim, da noite pro dia.

Ter de enfrentar a morte de um ser tão amável não estava em meus planos, mesmo sendo inevitável, e mesmo sabendo que estamos vivos para morrer. Nunca estamos preparados para aceitar a morte...

Antes era apenas eu e ela, e agora somente eu. Então passei a questionar... Ela sabia que iria partir? Não é? Sabia e não dizia... Mantinha-se firme num disfarce muito bem feito. Obviamente não era sua intenção mentir sobre sua saúde, e somente após sua partida é que descobri que... Seu câncer não tinha cura, as quimioterapia a deixava com a imunidade extremamente baixa e consequêntemente, uma friagem poderia ser fatal. Uma chuva em suas costas poderia ser o ponta pé que a levou ao fim. Mas não era justo... E agora eu me sentia totalmente egoísta ao pensar que tantas pessoas ruins ainda viviam e uma alma tão boa quanto a dela havia sumido do que chamamos de vida. Eu senti raiva no fim das contas, quando fui obrigada a deitar a cabeça em meu travesseiro e tentar dormir.

Seu velório, seu enterro... Nada disso eu queria manter em minha memória. Eu nunca mais tocaria nesse assunto. Somente boas lembranças poderiam ser recordadas agora, e se alguém tocasse em seu nome falando de sua morte, eu seria capaz de enterrar minhas unhas em quem ousasse a falar.

E implorei como nunca para Deus, implorei do fundo de meu coração para que ele a deixasse viver. Porém, não fui ouvida. E por qual motivo? Será que eu não estava sendo boa o suficiente para merecer sua misericórdia? Ela era boa demais para partir, e sei que não queria ir agora, do nada, sem um adeus... Sem um último maldito adeus!

E não me importava se passariam anos, meses, semanas ou dias. Jamais aceitaria esse fato, era injusto e cruel. Ao menos, já que iria falecer... Que não sofresse tanto, principalmente calada.

Descobri que sua doença causava dores horríveis e jamais a vi reclamando. Seu emagrecimento era por conta de não segurar comida em seu estomago, e jamais a vi vomitando. Fora assim, às escondidas que preservou-se de mim. Portanto, do que adiantou?

Minha emancipação, suas internações de horas ou no máximo dois dias... Tudo significava que não havia chances para ela enquanto minha burrice e cegueira não permitia-me de enxergar o óbvio.

Ah... Os pensamentos positivos... Para o que serviram no fim das contas? Dar-me esperanças e rasgar meu peito com uma desilusão?

Enxuguei as ultimas lagrimas, pois não iria mais chorar. De fato, agora eu odiava a cidade. Pois fora aqui onde tudo saiu de meu controle, e também onde tive de lidar com o pior da vida. Também não havia mais medo de sofrer em meu ser, pois isso havia se tornado comum e aceitável.

O rosto sem vida que fora apagado com uma madeira envernizada e coberto por terra era atormentador. Saber que seu corpo estava sozinho, no frio, em baixo de terra tornou-se inaceitável.

Falar de seu enterro e de como fora resolvida a burocracia da morte também não valia à pena recordar. Ridículo... É maldoso!

Flores e mais flores não a traria de volta, e se quer ela saberia que as pétalas estariam ali para ela.

As ligações repetidas de Marc eu rejeitei, pois sabia do que iríamos conversar e era exatamente essa conversa que eu queria evitar. Jonas sabia disso, sabia tanto que, não tocou mais no assunto "vovó".

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