Capítulo oito.

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ATUALIZAÇÃO (Outubro de 2024): Em um bom tempo desisti do livro. Decepcionei vários leitores, porém, eu estou continuando.

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 O despertador anunciou a chegada de mais um dia, desejei permanecer dormindo pelo resto de minha vida ao recordar-me da noite anterior e do que me aguardava no colégio. Minhas mentiras ditas para vovó deixava-me entristecida, com o coração espremido dentro de meu peito. A única forma de esquecer o que havia acontecido, era adormecendo.

Eu teria de ser forte para encarar meus problemas, botei os pés no chão cautelosamente enquanto fazia um coque em meus cabelos bagunçados, espreguicei e finalmente tomei coragem para ir ao banheiro fazer minhas higienes matinais. No caminho, vi minha avó na cozinha preparando a mesa. Meus olhos estavam inchados e levemente borrados para me lembrar de tudo o que passei, a sensação de estar suja não havia desaparecido, o espelho acima da pia refletia uma Alice diferente. O banho que tomei em seguida também não fora suficiente para me deixar renovada, por fora estava bem, por dentro eu estava como a podridão.

Vesti uma camiseta qualquer, a cor cinza não só me apagava como também fazia jus ao meu drama. Entrei facilmente em meu Jeans surrado de cintura alta que vovó me dera há anos, calcei meu velho all star e me considerei pronta. Não me importei em pentear os cabelos, o coque era suficiente para segurá-lo comportadamente.

– Alice, comprei aquele queijo amarelinho e gostoso! – a velhinha me chamou num tom de voz demasiadamente divertido.

Ela era um doce, sempre esforçava-se para me deixar feliz, adorava quando eu demonstrava gostar de algo que fez. Fui até ela fingindo estar animada para mais um dia na cidade, comi o café da manhã empurrado, pois nem estava com fome. Forçar os alimentos a descerem para meu estomago chegava a doer, e mesmo assim, meu sorriso estava estonteante. Enquanto nos ajeitávamos para sair, vovó dizia o quanto se orgulhava de minha atitude anterior, disse saber que eu jamais faria algo que nos prejudicasse, e que eu ganharia um presente em breve – O que é, eu só saberia no dia .

Saímos de casa diretamente para a caminhonete, no caminho para a escola ela conversava comigo como sempre fazia, sobre coisas aleatórias e de algumas dores que sentia nas pernas. Sempre a aconselhava para não se esforçar demais com serviços de casa, porém, ela dizia que não era esforço algum cuidar de seus afazeres domésticos, e sim o seu dever de mulher. O mais engraçado, era que vovó nunca me mandou fazer nada, eu tinha que implorar para ajudá-la com a louça, para varrer o chão ou tirar o pó dos móveis.

Observei de longe o colégio. Meu coração já reagia loucamente com suas batidas aceleradas, as pontas de meus dedos gelaram e o medo me fez arrepiar toda. Avistei de longe o grupo de Joana na porta de entrada, eu obviamente queria descer da caminhonete e fugir para qualquer lugar, mas não podia. Olhei para vovó e me despedi com um beijo em seu rosto, ela me encarou com um sorriso sincero e olhos brilhantes que me deixavam ainda pior. Eu havia sido enganada, porém, também estava enganando.

Apanhei minha mochila do banco carona e botei os pés na calçada da desgraça.

– Tchau vó, eu te amo muito – me declarei da forma mais sincera possível, queria que ela sentisse o quanto a amava, para futuramente não me odiar tanto.

– Você é um anjo, Alice – ela inclinou sua cabeça para o lado ainda com o sorriso nos lábios – eu te amo, meu doce anjo!

Suspirei. Eu podia sentir seus sentimentos quando ela me dizia essas coisas, eu sabia que se eu a machucasse, seria meu fim. Não suportaria a culpa em vê-la chorar, ou demonstrar sua tristeza. Caminhei de costas até que ela sumisse de vista, estava com medo de encarar meu futuro.

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