XXI - Words to Damien

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"Queimar de desejo e ficar quieto sobre isso é a pior punição que podemos causar a nós mesmos" - Federico Garcia Lorca.

A casa da família Lockwood não teria muito destaque se estivesse localizada em qualquer outra área da cidade. Era uma construção pequena em relação as casas vizinhas, não possuía um jardim colorido pelas mais diversas flores e a unica coisa que dava ares quase misticos aquele local, era o fato de ser a última casa da rua, estabelecida não em suas bordas, como as outras, mas em seu centro, demarcando uma conclusão do que seria a cidade... Era quase como se Henry vivesse na fronteira de Greenville com o bosque que a cercava.

Provavelmente, pensou Damien ao visualizar a fachada, um pouco diferente do que ele lembrava, a casa tinha sido reformada pela imobiliária, pois agora as janelas outrora pequenas e comuns demais, haviam sido substituídas por aberturas largas que permitiam a entrada da luz do sol.

Damien estava lá, parado diante ao muro baixo de tijolos a vista que combinavam perfeitamente com a fachada quase mesclada ao bosque que a sucedia, um pouco receoso e ao mesmo tempo empolgado com tudo o que seu último dia de férias prometia. Pegou o celular no bolso da jaqueta para avisar Henry de sua chegada, no entanto, não fora necessário que o chamasse, pois o outro já abria a porta, após reconhecer a silhueta do amigo através da janela.

- Hey! - Henry disse animado ao estar próximo o suficiente, recebendo em retribuição um sorriso largo de Damien, ainda do lado de fora da propriedade.

Ao que parecia, diferente da última vez que se viram, Henry tinha voltado para suas roupas que beiravam o social, desta vez, vestia uma camisa grafite, junto as calças jeans escuras, Damien achava aquilo adorável e ao mesmo tempo peculiar, já que o mais novo sempre parecia ter saído direto de uma reunião de negócios ou então estar pronto para uma festa.

- Henry... Eu não cheguei muito cedo, não é? - Damien perguntou um tanto nervoso. Durante aqueles dias de conversas por texto, havia percebido que a rotina do mais novo dos Lockwood começava bem depois da sua.

- Não... Eu já estava esperando por você. - o anfitrião respondeu dando passagem ao visitante. 

Eles entraram pela porta da frente, ao que parecia, uma enorme parede cortava a casa ao meio, deixando metade para a sala de estar e a outra metade para os demais cômodos do térreo, tal disposição era perfeita, pois assim, tanto a sala principal, como a cozinha tinham acesso a parede de vidro que não era possível se ver na parte da frente da casa, já que estava direcionada aos fundos, com uma vista incrível para as árvores mais adiante.

Assim que adentrou o cômodo e se aproximou dos sofás brancos de couro, Damien avistou Jennifer, que abandonara seu computador inseparável, para dar boas vindas ao visitante. A primeira coisa que chamara atenção na mulher, eram os longos cabelos lisos e castanhos que lhe caiam pelos ombros. A senhora Lockwood era alta,  mais alta do que Henry e Damien, seus olhos eram muito parecidos com os do filho, no entanto, seu semblante exprimia uma seriedade que colocava um pouco de medo a primeira vista.

- Então, você é Damien Collins, enfim conheci você, ouvimos muito seu nome aqui em casa - aquela primeira impressão de seriedade caíra por terra no momento em que ela se dirigira ao rapaz , agora, Jennifer abria um sorriso amistoso e parecia receptiva e até mesmo contente com a presença dele.

- Damien, essa é minha mãe, Jennifer Lockwood. - Henry interviu fazendo as apresentações.

- É um prazer, senhora Lockwood - Damien disse estendendo a mão para Jennifer que logo retribuiu o cumprimento.

- Vocês dois vão usar a sala agora? Eu preciso tratar dez milhões de fotos até domingo - ela disse utilizando-se do exagero irônico, que aparentemente havia sido herdado por Henry - Talvez eu me sente lá fora... mas primeiro eu preciso comprar as coisas para o almoço. 

Coração de Porcelana.Onde histórias criam vida. Descubra agora