XXIII - Resolução (parte I)

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- Henry - Damien corria o mais rápido que suas pernas conseguiam, já estava ficando sem ar e o outro rapaz, que ia mais adiante, parecia furioso a ponto de ignora-lo completamente - Henry, espera! - havia um tom desesperado naquele pedido, Damien sabia que tinha agido errado, certamente estava em apuros, no entanto queria corrigir aquilo, se explicar, mas Henry não parecia disposto a ouvir e nem mesmo quando o mais velho conseguira alcança-lo ele mudara sua postura, na verdade sequer dedicara o olhar a ele.

- Olha, eu sei... - Damien suspirou tentando fazer com que o ar voltasse aos seus pulmões depois daquele esforço físico todo - eu sei que eu fiz besteira, mas... eu estava com medo, com muito medo - ele olhou para os lados, para certificar-se de que não havia ninguém perto o suficiente para ouvir o que ele tinha a dizer - aqui não é Nova York, Henry, se alguém descobrir... Todo mundo fica sabendo, eu só fiquei com medo e...

- Mandy não era sua amiga, por que ela contaria para todo mundo? - a pergunta veio de forma ríspida e direta, Henry ainda não olhava para Damien, parecia mais concentrado em seguir em frente do que se engajar naquela conversa.

- Porque... Oras, eu não sei... mas... por favor, só me escuta...

Henry parou de caminhar e pela primeira vez desde o beco, focara seus olhos nele, queria uma explicação para toda aquela brutalidade, no entanto, ele não esperava que o outro pudesse justificar de forma racional aquele acesso completamente inadequado de grosseria.

- Pronto, vamos, explica, me diz o que eu fiz de errado? A gente estava bem e poderíamos muito bem ter resolvido isso juntos, mas você tinha que agir como...

- Como um grande idiota - Damien completou junto a um suspiro pesado - Você não fez nada de errado, eu fiquei completamente... Sem saber o que fazer.

- E é claro que ser rude foi a melhor coisa que conseguiu pensar - Henry carregou a voz de ironia - Eu não quero isso pra mim, Damien, não quero alguém que me trate mal porque está nervoso ou sei lá, eu não quero estar em um relacionamento onde sob qualquer ameaça de problemas a gente comece a se atacar.

- Você tem razão, e eu não sei como me desculpar, eu posso prometer que isso não vai acontecer de novo e...

Henry deu uma risada irônica e completamente defensiva, ainda havia um tom de decepção presente em sua expressão.

- Eu não sei se isso vai dar certo, Damien - ele disse voltando a seriedade - Não quer dizer que eu não queira tentar, quer dizer que existe a possibilidade de tudo não sair como a gente quer e sinceramente, eu estou assustado, porque eu não esperava que você fosse agir assim diante a primeira situação difícil... Eu realmente queria resolver isso com você, ajudar você a falar com a Mandy, mas agora, sou eu que estou com medo.

- Henry... - mais uma vez Damien olhou para os lados, preocupado que alguém na rua pudesse ouvi-los - Eu já dei algum motivo para você ter medo antes? - perguntou agora com um tom de voz mais preocupado, pois não queria sair dali brigado com o outro, queria poder chegar em casa e conversar por mensagem como sempre faziam, queria ter certeza que se veriam naquele fim de semana, que continuariam juntos, odiava pensar que Henry estava assustado, que ele estava desconfortável de alguma forma.

- Não - ele disse negando com a cabeça ao mesmo tempo.

- Então?! - ele forçou um sorriso que acabou morrendo aos poucos diante a demora de Henry para dizer alguma coisa.

Ainda mergulhados naquela quietude, os dois seguiram andando, agora em passos mais lentos.

- Eu só quero ir para casa e esquecer que isso aconteceu, tudo bem? - Henry disse, precisava pensar antes de dizer qualquer coisa, não queria se arrepender de nada, além do mais, ainda estava sob o efeito daquele sentimento estranho ligado a decepção, talvez, na manhã seguinte, já mais distante do calor dos eventos poderia pensar melhor e avaliar as coisas de forma mais concreta.

Coração de Porcelana.Onde histórias criam vida. Descubra agora